Colocando de parte todas as considerações éticas e morais acerca do facto de mantermos um cão atado a uma corrente, o que torna este acto não só detestável como extremamente perigoso é o facto de que a grande maioria dos cães acorrentados desenvolvem comportamentos agressivos ou reactivos.
Cães presos a correntes sabem que estão presos, logo sabem que estão em perigo! Tudo o que os cães presos a correntes veêm que os assusta, é imediatamente confrontado com demonstrações veementes e claras de afastamento, ou sejam comportamentos agressivos.
O cão defende-se, afinal ele está preso não pode fugir e tem que evitar a todo custo que aquilo que ele não conhece, ou que o assusta, se aproxime dele. Se alguém se aproxima de um cão preso e este por qualquer motivo percebe esta aproximação como perigosa para si, ele irá usar comportamentos agressivos como forma de aumentar a distância e afastar o estímulo causador do perigo. A este tipo de comportamento agressivo chamamos de agressividade defensiva.
Outro tipo de agressividade recorrente em cães acorrentados provém da frustração. A frustração de não poderem sair dali e interagir. Á medida que passam os dias, veêm cães a passar, ouvem-nos, cheiram-nos mas nunca se podem aproximar. O mesmo com pessoas, carros, crianças, etc.. Esta frustração leva inadvertidamente ao desenvolvimento de comportamentos agressivos gerados por frustração. Este tipo de comportamento escala a um ritmo enorme com o tempo e generaliza-se a todos os que se tentam aproximar levando a que os únicos comportamentos que os cães sabem exibir a partir de determinado ponto são agressivos e reactivos.
Cães que estão presos a correntes uma vida inteira, são animais que vivem num vazio social e mental. Não se exercitam fisicamente, nem mentalmente, e não detêm contacto social com pessoas e ou membros da própria espécie. Esta inactividade mental e física e este vazio social, leva a que determinados cães (principalmente os mais activos) desenvolvam muitas actividades para se distrairem. Alguns cães desenvolvem comportamentos obsessivo-compulsivos de andar à roda, perseguir a cauda, cavar buracos ou ladra incessantemente, como se o próprio som da sua voz fosse uma distracção para o vazio em que se encontram.
Alguns cães sobrevivem toda uma vida neste estado catatónico. A exploração de um animal nestes termos não só é éticamente reprovável como é produtor de muitos cães que podem vir a representar para a nossa sociedade um perigo gravíssimo. Muitos acidentes de mordidas reportadas pelo mundo fora, advém de cães que viviam presos e por algum motivo se soltaram.
O governo se pretende proteger a sua sociedade e a comunidade do perigo de mordidas deveria começar por proibir que as pessoas mantenham cães atados a correntes. Atar cães a correntes é um acto reprovável a todos os níveis e por nós considerado abusivo.
Outros problema grave é o desenvolvimento do que chamamos estado de learned helplessness, que é um estado que leva a que um animal desista. Estes cães normalmente sucubem, muitos morrem precocemente, entram em depressões graves, ficam doentes com facilidade e por falta de palavras melhores para descrever este estado, simplesmente deixam de lutar pela vida.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
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