quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os cães e o Natal


Quando penso em Natal, penso em família, prendas, lareira, árvore de natal, confusão, barulho, luzes a brilhar, alegria, filmes a tarde toda, jogos de tabuleiro, rabanadas, muitas pessoas, crianças a correr e a gritar, ”meu” pai natal (o meu pai com almofadas a servir de barriga e barba feita de algodão em rama), tempo livre e acima de tudo penso nos cães.

Nos cães? Sim! Quando penso no natal penso nos cães, mas, isso não é surpresa, eu vivo dos cães, com os cães, pelos cães, para os cães, logo que pense nos cães pelo natal não é novidade.

O que talvez seja diferente é que eu penso na quantidade de acidentes que se sucedem nesta altura que é supostamente perfeita para partilharmos também com os nossos animais. A vida acelerada que levamos com as compras de natal, fazer o jantar de natal, os preparativos a decoração, o reunir de toda a família, faz com que nos envolvamos de tal forma acelarada em todas as festividades que não paramos.
É normal assumirmos que os nossos cães estão, tal como nós, a adorar cada minuto daquele rodopio que representa o Natal e muitos cães podem mesmo delirar com tanta gente ao seu redor, tanta movimentação e muitas vezes tanta comida por baixo da mesa. No entanto, essa é infelizmente uma minoria.

O Natal pode ser stressante

Muitos poucos cães estão preparados para o Natal, como poderiam? O Natal é uma vez por ano, e só nessa altura temos bolas penduradas em árvores dentro de casa, luzes, comida à farta espalhada pelos balcões e mesas por todo o lado, crianças a correr e super excitadas, barulho, cantorias, etc...
Muitos cães vão-se sentir fora da sua zona de conforto. Por mais que gostem de pessoas e por mais sociáveis que sejam, nunca é demais, observar o seu cão atentamente, deixar de lado o que nós gostariamos que fosse e ver o que realmente é.

Alguns aninham-se num canto, outros passam o tempo a fugir das crianças por baixo das mesas, outros cães colam-se às pernas dos donos numa tentativa desesperada de pedir ajuda que muitas vezes resulta nalguns berros e um “sai daqui que tenho tachos na mão!”. Depois existem outros que se deitam num canto e dormem como se estivessem profundamente calmos, quando na realidade ( e isto é factual ) muitos cães dormem como forma de lidar com o stress contínuo do qual não conseguem escapar é um estado chamado de learned helplessness. Ao dormirem esperam que as coisas acalmem e/ou desapareçam por artes mágicas. Normalmente os donos veêm estes cães como “os que adoram aquilo e até dormem no meio da confusão”.

Outros reagem de forma oposta, ficam de tal forma excitados que pulam, ladram, saltam, correm e parecem completamente ligados à corrente não conseguindo acalmar. Este é outro sinal de stress contínuo em contextos de mudança radical de rotina e ambiente.

Portanto se o seu cão está a agir de alguma forma diferente do que aquilo que ele é diariamente, está na hora de pensar nele, e no que será melhor para ele.
Colocar o cão num local isolado num quarto ou na sua crate com um Kong e osso de roer, sossegado é muitas vezes a melhor atitude a tomar pelos nossos cães. Por vezes eles precisam de estar sós.