terça-feira, 29 de setembro de 2009

O dono de cão no mundo virtual


Hoje em dia, existem conselhos acerca de como treinar e educar o seu cão em quase todos os formatos. Em livros, em shows de rádio, na Internet, em revistas, em escolas de treino, etc…
Seja qual for a informação que procuramos através desta ferramenta fabulosa que é a Internet, cuidado e bom senso aplicassem na escolha daquilo que vamos considerar uma informação valiosa e aquilo que é simplesmente “lixo” virtual. Literalmente em todas as áreas conseguimos encontrar fóruns, artigos, blogs e websites que falam dos mesmos assuntos de formas diferentes.

A Sopa

Se colocar num motor de busca como o Google a receita para sopa de letras, aparecem 748.000 entradas e a maioria diferente umas das outras. Algumas usam legumes aos cubos, outras galinha, umas temperam com sal outras com cubos, etc… Todas estas sugestões acabarão numa belíssima e apetitosa sopa de letras. O que fazemos é procurar a receita que preferimos, a que mais nos chama a atenção, a que achamos mais simples de fazer, a que dá menos trabalho, ou a mais requintada e fazemos a nossa escolha.

Mas voltemos ao treino e educação dos nossos cães. Aqui o mesmo se passa. Alguém que tem um cão em casa com um problema (vamos dizer que o cão desenvolveu um problema de rosnar a estranhos que entram em casa), esse alguém procura imediatamente na Internet informação acerca do problema. Aqui começa realmente o problema. É muito mais fácil escolher uma receita de creme de legumes, do que discernir que informação é correcta e fiável quando toca à educação e treino do nosso cão, principalmente quando falamos de algo tão delicado como um problema comportamental manifestado através de agressão.

Fóruns

Os fóruns portugueses são pululados de pessoas que pedem todo o tipo de conselhos. Desde conselhos veterinários, a conselhos comportamentais, de treino, criação, educação, de raças, de alimentação, de tudo. Meros donos de cães dirigem-se a um fórum dedicado a cães e imediatamente assumem que aí obterão conselhos úteis. E muitas vezes assim é.
Mas a questão surge! Quem são as pessoas por trás das centenas de nicks estranhos, e que nos dizem o que fazer com os nossos cães? Deveremos mesmo confiar no que o “Macaco-à-Solta” diz acerca de quando será a melhor altura para começar a treinar um cão? Será eu o conselho da “Miminhos” em usar uma estranguladora para ensinar o cão a não puxar é o mais adequado? Será que o “Sebastião” que assina as suas intervenções com uma frase “Eu sei tudo e não gosto de ninguém” tem razão quando diz que o meu cão é dominante e quer mandar em mim?
Como saber ao certo? E principalmente como saber quem está certo quando somos assaltados por várias opiniões, sendo que todas elas são diferentes?

Não sabemos, apenas sabemos que qualquer pessoa pode ter um fórum acerca de um qualquer assunto e que isso não quer dizer que essa pessoa seja especialista, ou saiba do que está a falar. Mas se o que está a ler fôr escrito pela pessoa em questão, então pelo menos poderá ir averiguar quem essa pessoa é. O que faz na vida, que qualificações (se algumas) tem e por aí fora, dando-lhe uma plataforma de segurança.

Mas fóruns generalistas, dedicados a variados animais, com uma parte reservada aos cães, normalmente são criados por empresas para publicitarem e fazerem dinheiro. O intuito destes fóruns não é fornecer informação válida, nem serem responsáveis pelos conselhos que dão, mas apenas lucrarem com os patrocinadores que colocam anúncios variados dada o alto volume de aderência que o fórum tiver. Quantas mais pessoas inscritas e quanto mais movimento activo o fórum tiver, mais empresas irão colocar anúncios e mais eles lucram. Portanto, cuidado com esses fóruns, podem tornar-se autênticas armadilhas.

O que devem procurar num fórum?

1. Que o fórum seja específico só para cães – de preferência se o fórum for dedicado apenas a cães ou a cães e gatos as probabilidades de encontrar pessoas que apenas se dedicam a estes temas aumentam consideravelmente.

2. Que a moderação do fórum seja participativa e activa no fórum – é muito importante e crucial que a moderação (os que impõem as regras e certificam-se que estas são seguidas) sejam activos participando no fórum. Sejam alguém com quem podemos comunicar e não alguém que debita frases automáticas como “este tópico foi bloqueado, para mais informação consulte as regras do fórum”

3. Que exista uma identificação clara entre quem dá conselhos – Num fórum público todos podem falar e opinar. Mas para quem pede um conselho é importante saber quem diz o quê. Sendo assim, ter treinadores, especialistas em adopções, membros de associações, etc.. ajuda o utilizador a perceber com quem fala.

4. Artigos publicados de fontes fiáveis – Procure um fórum que não se limite a ser uma lista infindável de conversas sem nexo acerca dos mesmos assuntos. Um fórum deverá ter também artigos, estes deverão estar devidamente identificados por quem os escreveu para que o utilizador possa analisar e saber de onde provém. Estes artigos deverão albergar temas gerais evitando repetições de assuntos e deverão ser abrangidos por autores diferentes.

5. Que as regras sejam respeitadas por todos – Todos os fóruns têm regras que têm que seguir, estas devem ser claras e respeitadas. É importante que a moderação esteja atenta e modere activamente e faça com que essas regras sejam seguidas por todos sem excepção. Moderações ausentes ao fim-de-semana ou parciais, causam caos, desconforto e problemas entre os vários utilizadores que se sentem perdidos e sem apoio.

6. Que exista mais do que um treinador, veterinário (se fôr o caso), comportamentalista, criador, etc… - para que exista sempre alguém disponível para responder ás questões e para que o utilizador possa ter mais do que uma perspectiva e/ou opinião acerca da sua questão.

Que fóruns deverão evitar?

1. Fóruns generalistas que se especializam em tudo desde lagartos, a aranhas até cães – estes fóruns normalmente são constituídos por centenas de pessoas que se especializam em tudo e em nada especificamente.

2. Fóruns cuja moderação é inexistente e não participativa – Fóruns cujos moderadores nunca participam nas conversas são de evitar. Isso quer dizer que não estão atentos ao fórum, quer dizer que não interagem com os utilizadores do fórum que eles próprios criaram, quer dizer que não entendem do tema para o qual criaram o fórum e significa também que são outras pessoas que não os moderadores que vos darão conselhos.

3. Fóruns que dividem os seus membros baseando-se somente no número de mensagens que escreveram – Fuja de fóruns que dão mais valia aos membros chamados de veteranos cuja única façanha que conseguiram foram terem escrito mais mensagens do que qualquer outro membro. Essas mensagens podem ir desde discursos interessantes, artigos de qualidade, até “upas!” escritos na secção das adopções. Membros veteranos determinados como tal apenas pelo número de mensagens que escrevem não são necessariamente pessoas que sabem mais do que você, são maioritariamente pessoas que têm mais tempo para passar no computador a escrever. No entanto sentem-se no direito de tratar membros novos com uma apatia e displicência característica porque afinal de contas “são veteranos”.

4. Fóruns que aceitam artigos escritos por qualquer pessoa – Vários fóruns em Portugal publicam nas suas páginas principais artigos acerca de cães que são escritos por…. Qualquer pessoa! Aliás a maioria destes artigos nem vêm identificados por quem os escreveu, não são indicadas fontes ou nomes, apenas o texto que é colocado em locais visíveis como se tratasse de informação correcta. Cuidado com o que lêem nesses artigos!

Mas então deverei evitar os fóruns?

Não propriamente! Na realidade se tem um problema relacionado com agressão com um dos seus cães, deverá contactar um treinador profissional e sim deverá afastar-se dos fóruns. Agressão é um tema complexo cheio de nuances que têm que se consideradas caso a caso. Não existe uma receita que resulte para todos, portanto através da Internet ninguém o poderá ajudar convenientemente. Se procura dicas apenas para o ajudarem mesmo assim procure um fórum específico de uma escola ou contacte um treinador e evite conselhos populares.

Mas se está com dificuldades em treinar o seu cachorro a fazer as necessidades na rua, porque não ouvir o que os outros donos de cães fazem com os deles? No entanto lembre-se sempre que eles são apenas outros donos de cães. Compare os conselhos com artigos de interesse sobre o tema. Use o bom senso e acima de tudo faça escolhas informadas acerca da educação do seu cão, da mesma forma que faria com um filho seu.

O Fenómeno “Eu sempre vivi com cães!” e os conselhos

Algumas pessoas parecem pensar que porque sempre viveram com cães, ou porque têm vários cães em casa que isso lhes dá conhecimento suficiente para dar conselhos acerca de comportamento e treino canino. Mas assim não é. Aliás isso é um insulto a todos os profissionais espalhados pelo mundo fora que dedicam anos a estudar o comportamento canino e técnicas de treino e lidam com cães e clientes toda a sua vida (para além de viverem com cães a vida toda e terem vários cães em casa).

Na realidade, pouco interessa que tenham 50 cães em casa e que tenham tido cães a vida toda. A maioria das pessoas que frequenta fóruns de cães tem vários cães e lidam com cães toda a vida, mas isso não faz deles especialistas, nem “experts”. As suas experiências são diferentes das suas, a sua vida é diferentes das deles, o seu cão é diferente, na raça, no temperamento, na forma como lida com o ambiente que o rodeia e na forma como lida consigo. Lá porque a “Rosinha” tem cães há 45 anos e nunca teve que contratar um treinador, não quer dizer que você é inadequado porque sente dificuldade em treinar o seu e está a ponderar contratar ajuda profissional. Aliás a sorte destas pessoas é nunca terem tido um cão realmente difícil e passam a vida a gabar-se das suas qualidades de donos como se apenas eles soubessem o que é preciso para se ser um bom dono e todos os donos de cães com problemas fossem uns inadequados, na realidade, os cães que têm muitas vezes vivem em terrenos enormes, e brincam uns com os outros o dia todo, apenas alguns entram em casa, e os que têm licença para tal são muitas vezes os mais pacíficos. Estas pessoas pouco ou nada entendem o que é lidar com um cão verdadeiramente problemático e desdenham e culpabilizam os donos desses cães, baseando-se somente na sua breve e limitada experiência.

Pois não se sinta mal. Se procurar a ajuda de um profissional quer dizer que se preocupa com o seu cão, e deve orgulhar-se disso, o seu cão agradece que não desista dele e procure ajuda.

Portanto se se dirigir a um fórum e pedir conselhos acerca do seu cão, evite levar a sério aqueles que começam as suas doutas intervenções com “eu sempre tive cães a vida toda” ou “eu tenho 10 cães em casa”. Aquilo que cada um faz com o seu cão é um caso específico. E por exemplo dar uma palmada num cão que rosna pode ter resultado com o cão da “Rosinha” (pelo menos até à próxima) mas pode não resultar com o seu, e se fôr praticar o que a vizinha faz com os seus cães, o mais certo é acabar em desastre para si e para o seu cão, e acredite que no final acabará por ter que procurar a ajuda de um profissional e a “Rosinha” não o ajudará mais.

Outra questão é ter em atenção os conselhos cobertos de boas intenções mas que levam ao intensificar do problema em questão. E mais uma vez repito os cães são todos indivíduos diferentes e ninguém pode dizer que o que resultou no seu cão, pode resultar no dos outros.

Se o seu cão tem um problema de comportamento, especialmente de agressão note que um profissional deverá recolher informação primeiro, ver o cão, observar a vivência do mesmo com os donos e/ou outros cães, tirar notas e falar com todos os que lidam com o cão, observar o comportamento em questão, notar os hábitos e rotinas, etc…. Depois de analisar o caso, um profissional irá colocar em prática um protocolo de modificação comportamental que melhor se adapta a si e ao seu cão. Se entrar no fórum e ouvir “o seu cão é dominante, faça assim e assado” lembre-se que talvez não seja a sua habilidade em ser líder que determina o problema do seu cão, mas algo mais que escapa ao Zé que tem 10 rottweilers no quintal.

Valorize os profissionais eles existem e prepararam-se a vida toda para o ajudar da melhor forma possível. Acima de tudo, procure treinadores positivos, que para além de profissionais actualizados, são os que na realidade lhe dedicarão toda a sua atenção para resolver seja que questão fôr.

domingo, 27 de setembro de 2009

Extinguir um comportamento inapropriado

Já aqui falamos da extinção de um comportamento. Já até coloquei um video a explicar que quando iniciamos a extinção de um comportamento este processo atinge o que chamamos um pico e que nesse pico o comportamento que tentamos extinguir tem tendência a tornar-se pior e sofrer algumas alterações. Mas sabemos por garantido que após o comportamento ficar "pior" ele entra em extinção e desaparece. O que precisamos para que resulte? Paciência e muita consistência e saber que antes de melhorar vai piorar.

Tivemos em nossa casa em internato uma cachorrinha chamada Carly que sempre que era deixada sózinha desatava a choramingar. Começamos a extinguir esse comportamento, deixando-a só por curtos espaços de tempo e esperando que ela nos oferecesse um comportamento diferente. O comportamento entrou em extinção e atingiu o seu pico quando a Carly deixou de choramingar, para ladrar e raspar na porta. Nós sabiamos que o processo de aprendizagem estava a tomar lugar e colocamos um vídeo para verem como tudo se processa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

18 de Setembro dia de luto contra o abandono

Não abandone um animal de estimação, eles sentem frio, medo, fome, desamparo, tristeza e depressão. Eles sabem e você?



terça-feira, 15 de setembro de 2009

DOMINÂNCIA NÃO É UMA CARACTERÍSTICA DA PERSONALIDADE


DOMINÂNCIA NÃO É UMA CARACTERÍSTICA DE PERSONALIDADE
por Sophia Yin, DVM, MS Setembro 2009 este artigo foi traduzido na totalidade deste artigo

Quem anda habitualmente com cães e os seus donos já provavelmente ouviu esta ou outra afirmação semelhante pelo menos um milhão de vezes: “O meu cão é dominante, ele ignora os nossos comandos e brinca muito à bruta com outros cães”. Para o dono de cão comum a afirmação parecerá totalmente normal, mas para os investigadores que estudam a hierarquia social em animais desde leões, macacos, até touros, esta afirmação irá provavelmente suscitar uma pausa seguida de um “hum?”.

Isto acontece, porque enquanto que um indivíduo num grupo pode ter um rank de dominância alto, a dominância nos cães, e, já agora, em qualquer outro animal não é uma característica pessoal.

A DEFINIÇÃO DE DOMINÂNCIA

Então, o que é exactamente dominância? Dominância é definida em comportamento animal como um relacionamento entre indivíduos que é estabelecido através da força, agressão e submissão para determinar quem tem acesso prioritário a múltiplos recursos tais como, comida, local de descanso preferível, e acesso a procriar.
Por exemplo, quando um grupo de touros famintos por sexo, são apresentados uns aos outros eles imediatamente lutam de forma a estabelecer a hierarquia.

Se você for uma mulher e estiver a ler isto, nesta altura estará a rolar os olhos e a pensar: “sinceramente, coisas de homem…” mas na vida selvagem este tipo de luta é na realidade muito importante. O touro que ganhar o encontro com os outros, sem dúvidas obterá o ranking mais alto e como tal tornar-se-á o macho dominante no grupo. Isso quer dizer que ele terá acesso prioritário a comida, locais de repouso e “huba huba!” às fêmeas em idade de procriar. Idealmente estes machos com um ranking alto, não irão pavonear-se de um lado para o outro sem fazer nada, eles querem procriar. O touro com maior ranking terá maiores probabilidades de procriar o que significará pequenos “juniores” que carregarão os seus genes.

Ser o macho dominante significa que durante a época de acasalamento os outros machos darão prioridade ao mesmo se este se aproximar de uma fêmea com cio. Por isso se um macho de ranking inferior estiver a planear acasalar com aquela vaquinha jeitosa, se o touro dominante se aproximar, ele rapidamente mudará os seus planos e irá na direcção oposta.
Mas isso não é o final da história. Porque o sexo é tão importante para passar os genes até touros aparentemente “burros” conseguem jogar um jogo tão complexo como aquele que acontece na sua telenovela favorita. Um touro de ranking inferior, pode procriar às escondidas com as vacas com os touros de ranking superior não estão a ver. Como resultado, num pasto constituído por várias fêmeas e machos, as vacas serão acasaladas por mais do que um macho. Mas o touro de ranking superior irá acasalar mais que todos.

Um touro de rank superior pode afugentar touros de ranking inferior de uma fonte de comida importante ou os subordinados podem simplesmente automaticamente afastar-se, mas os subordinados poderão também voltar à fonte de comida às escondidas, quando o indivíduo dominante não está presente para guardar a comida. Em ambos os casos, os subordinados não estão a tentar obter um ranking superior, estão apenas a usar uma estratégia alternativa para acasalar e obter outros recursos. Nota aos leitores: este tipo de lógica resulta bem para explicar por escrito os rituais dos touros, mas não tente usá-lo como justificação para si mesmo, uma vez que os humanos procuram retaliação e vingança mais tarde.

O RANKING DE DOMINÂNCIA MUDA CONFORME O GRUPO SOCIAL

Ao contrário de uma personalidade, que por definição é um conjunto de comportamentos característicos que se mantêm inalteráveis em diferentes contextos, o ranking muda dependendo do grupo no qual o animal se encontra inserido. Se quatro indivíduos dominantes dentro do seu grupo social, forem colocados juntos, apenas um poderá ser o dominante nesse novo grupo. Qualquer pessoa que tenha galinhas está familiarizada com este conceito. Por exemplo, uma vez tive 3 galinhas treinadas, duas fêmeas e um macho. Quando adicionei a terceira fêmea a “goldie” ela imediatamente começou a picar as outras duas e estabeleceu que ela era de um ranking maior que qualquer uma das outras duas. Isto aborreceu-me um pouco, porque as duas outras eram engraçadas e sabiam muitos truques. Mas inevitavelmente consegui a minha “vingançazinha” quando trouxe a galinha má “Goldie” e o meu galo para casa de uns amigos, as galinhas deles, que eram grandes puseram os dois no seu lugar, a Goldie e o galo eram os dominantes no seu anterior grupo na minha casa, mas eram os últimos da hierarquia na casa dos meus amigos.

SE A DOMINÂNCIA NÃO É UMA CARACTERÍSTICA PESSOAL ENTÃO O QUE DIZER DESTES COMPORTAMENTOS?

Você estará provavelmente a pensar que se a dominância não é uma característica pessoal então quais são as características das quais falamos quando incorrectamente nos referimos a um cão como dominante? Depende da situação.
Por exemplo, ouvi um famoso treinador de cães descrever na televisão como um cão que era obcecado por luz estava a tentar dominar a luz. A ideia era que o cão deveria aprender a ser submisso com a luz. Em comportamento animal submissão e comportamentos submissos são aqueles que têm por objectivo parar a agressão, sinalizar que um indivíduo não quer lutar. Portanto, se você aplicar esta definição na declaração do treinador acima citado, o treinador estará a dizer que quer que o cão demonstre comportamentos que parem a agressão da luz. Hmmmmm! Soa mal! Pois claro. Por mais estranho que este cão possa ser, ele não tem uma relação social com a luz, o que ele mais provavelmente tem é uma desordem obsessivo-compulsiva, que causa uma fixação pela luz.

Depois existe o caso do cachorro ou cão adulto que adora saltar para cima de si para o cumprimentar exuberantemente ou até ladra para que você pegue nele e o coloque no colo. Eles não estão a usar agressão e não estão a tentar estabelecer nenhum tipo de ranking ou prioridade a recursos. Eles são apenas mal treinados e mal-educados. O seu saltar e ladrar exuberantes, foram reforçados quando os donos desistem e finalmente lhes fazem festas ou lhes dão atenção quando eles demonstram estes comportamentos inapropriados.

E aí está o caso do meu Jack Russel malandro “Jonesy”. Quando o fui buscar com 8 meses de idade e o apresentei ao cão dos meus pais, a Maggie e ao meu pastor australiano a Zoe, ele imediatamente tentou montá-las. Seria isto um exemplo claro dele a tentar estabelecer ranking? Ou seria um exemplo de um cachorro tonto a tentar ter relações sexuais com duas cadelas esterilizadas? Na realidade? Não era nenhuma das duas. Se o Jonesy (que já era esterilizado) estivesse a tentar estabelecer um ranking superior, então quando elas o afastassem ele teria lutado. O que ele fez, no entanto, foi andar aos pulos à volta delas e fazer vénias. O comportamento de montar as cadelas é um comportamento de brincadeira inapropriado. Na realidade, Zoe era claramente a mais dominante. Ela várias vezes o afugentava de brinquedos ou objectos de roer e ele ia sempre embora. Mas se ela não estivesse a prestar atenção ele muitas vezes ia perto dela e montava-a. Portanto, a característica que ele estava a exibir era a de ser socialmente inadaptado.

Poderia continuar com vários exemplos, e as causas de um comportamento precisam ser avaliados numa base individual. Se você se mantiver fiel à descrição científica de dominância e depois olhar mais atentamente para o comportamento do cão, a sua linguagem corporal e a reacção dos animais que o rodeiam, você descobrirá que comportamento canino é bem mais complexo e interessante.

Mais informação:

http://www.askdryin.com/dominance.php
http://wwwaskdryin.com/dominanceindogs.php