quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Deverei esterilizar o meu cão?

A diminuição da população de cães abandonados tem que se tornar uma prioridade e um assunto urgente a ser abordado pela sociedade portuguesa.

O número de associações e canis que recolhem e doam animais das ruas cresce de ano para ano. Anualmente dão-se novos lares a milhares de cães e a prevenção deverá começar nestes locais.

As associações e canis nunca deveriam doar um cão ou cadela que não esteja esterilizado, independentemente da sua idade (em alguns casos felizmente isto já se verifica). Esta prática é comum na Inglaterra, assim como o pagamento de uma taxa de adopção que assegura o pagamento da cirurgia assim como vacinas e identificação através de chip.

Associações internacionais como a AVMA (Associação Veterinária Americana), a CVMA (Associação Veterinaria Canadiana), o CAWC (o Conselho para o Bem-estar de animais de companhia) e a Sociedade Mundial Para a Protecção dos Animais , para nomear apenas alguns, apoiam e incentivam a esterilização de animais de companhia como forma eficaz de prevenção de um problema mundial.Vários estudos foram feitos para determinar os riscos e benefícios da esterilização e estes concluíram que existem mais benefícios do que os riscos associados com uma gonadectomia precoce.

A associação veterinária canadiana afirma que :

A esterilização pré-pubertal (entre as 8 e 16 semanas de vida) em gatos e em cães num esforço para reduzir a população de animais abandonados é uma solução viável e humana. Para cadelas, é recomendável esperar até aos 3 meses de idade dado o risco aumentado de incontinência urinária.”

Segundo a WSPA (Sociedade Mundial Para a Protecção dos Animais), uma única cadela, com uma vida reprodutiva de 6 anos, poderá dar origem a 6000 descendentes. Como tal as associações, veterinários e profissionais do mundo da canicultura deverão trabalhar em conjunto, incentivando e promovendo a esterilização dos animais de companhia.

Deverá existir um esforço conjunto com vista a reeducar o público em relação a este tema, quebrar mitos e preconceitos e acima de tudo visar o apoio governamental para tornar as esterilizações mais acessíveis a todos.

Eutanásia não é uma forma de controle populacional eficaz, para além de ser desumano.

Por favor esterilize os seus animais - Cláudia Estanislau

O vídeo que se segue deve ser visto por todos. Não podemos virar a cara à realidade que se nos apresenta. Algumas imagens poderão chocar, por isso pede-se descrição.


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Apport Forçado por Dogsenjoy.blogspot.com

Este artigo foi retirado na íntegra do blog Dogs Enjoy e foi escrito pelos nosso colegas espanhóis.

É complementado por dois vídeos, peço que leiam primeiro o artigo antes de verem os vídeos, para entenderem o que estão a ver. Eu pouco ou nada tenho a acrescentar ao artigo e faço minhas as palavras dos nosso colegas na Dogs Enjoy. Mas vou deixar para complementar, um vídeo no final da sensacional treinadora Pere Saavedra a ensinar precisamente o mesmo exercício, mas com o método do clicker, para poderem comparar.

Muitos já ouviram falar (infelizmente...) do famoso apport (fazer com que um cão transporte algo na boca), assim como das técnicas de ensino através de evitamento, isto é o mesmo que dizer que o cão faz algo para evitar uma correcção (choque, puxão, etc..) ou um castigo. Muitos de nós vivemos esta realidade (não queiram imaginar os ganidos de um cão quando lhe é provocado medo ou dor) e tivemos a sorte de evoluir e deixar para trás estas técnicas pré-históricas e desumanas...graças a Deus, que não têm nem a desculpa da “eficácia” uma vez que são muitos poucos, mas mesmo muitos poucos, os cães que suportam a “carga” física e psicológica que este tipo de treino acarreta.

Lamentavelmente estes vídeos que podem ver não são nenhuma obra cinematográfica de Tarantino (apesar de que poderiam ser) mas sim o reflexo do que continua a ser hoje em dia o treino com métodos “TRADICIONAIS” com as consequências muito conhecidas, ou seja, cães destroçados e danificados psicologicamente, com níveis de stress levados ao limite, problemas de agressividade, etc.,e também todo o deterioramento no relacionamento entre treinador e cão.

Isto, para não falar das questões ÉTICAS que cada um de nós poderia fazer sobre esta forma de tratar os nossos “fiéis e amigos peludos”. O treinador que usa estas técnicas, entra num espiral de frustração (descarregando as suas tensões no cão), chegando mesmo a ver no seu cão um “aluno desobediente” o qual há que castigar e corrigir continuamente...uma vez que se não faz as coisas é porque não quer obedecer (a mesma e velha forma de ensinar as crianças com reguadas essa felizmente há muito por nós ultrapassada).

Aliás muito recentemente num fórum de treino canino alguém chamava isto de “treino formal”, diferençiando-se do treino positivo, o qual comparam frequentemente como um tipo de treino inútil que se usa para criar “cães de circo” (isto é literal). Enfim, a ignorância leva até a este tipo de comentários.
E com tudo isto, o que se vê nestes vídeos não é o mais terrível que se pode ver, infelizmente existe pior, mesmo que vos custe a crer. Não é agradável ver estas coisas, porém não se pode estar constantemente a virar a cara como se nada se passasse.

Fixem-se na linguagem corporal do cão nos vídeos... incrível como ainda existem “especialistas” que não veêm absolutamente nada de mal, quando o que se pode ver no cão é mais do que evidente.
Se por outro lado, nos focarmos nas questões “PARA QUÊ? QUAL É O OBJECTIVO” a resposta é... GANHAR uma competição, medalha, ou seja... um troféu (que ironicamente só dele desfruta quem não recebe a dor, isto é o treinador) a aberração moral é máxima e apenas superada por um “egocentrismo desmesurado”, demonstrado naquilo que sempre ouviremos como “... mas ganhei o prémio, estou em primeiro lugar” e coisas semelhantes, enquanto que se algo corre mal a resposta já é “o cão falhou, desobedeceu, etc..” para nem falar de outras “lindezas” verbais que seguramente o pobre cão terá que ouvir.

Na vez do que deveria ser entendido como um “trabalho de equipa”, afinal trata-se de um “trabalho de escravidão” de onde apenas um leva os prémios e honras e o outro os castigos sendo que o único prémio que recebe é se fizer “bem” não ser castigado.
Provavelmente se perguntassemos aos indivíduos destes vídeos, acerca da legitimidade das suas técnicas, seguramente nos responderiam, como muitos, que eles mesmos sofrem mais do que os cães e que os amam profundamente... mas que não existe outro forma de ensinar, que tem que ser assim senão isto ou aquilo, que a obrigação do cão é fazer o que lhe mandam, que tem que “agradar o dono” e bla bla bla... tentando justificar o injustificável, tanto moral como didacticamente falando.
Há uns tempos atrás lemos onde um dos grandes “maestros” do treino em Espanha explicava na teoria como se deve realizar passo a passo o Apport Forçado... o que me soou mais insultuoso foi quando no final de tudo ele acaba a dizer “...isto tudo respeitando o cão”.

Esperemos que não tarde em impor-se o bom senso do Homem uma vez mais, e estes “supostos método de ensino” passem onde deveriam já estar.. à História. Lembram-se dos “administrativos” que se negaram a vida toda a aprender a mexer num computador? O seu argumento era que isso da informática era uma “moda passageira”. Por sorte, a inteligência humana soube superar o atraso provocado pela ignorância. Neste caso, também é apenas uma questão de tempo.

Por favor, aprendamos com os nossos erros... não nos vamos agarrar a eles.






Agora o mesmo com o clicker e em positivo:



Um vídeo do ensino do Junto pela Equipa Leo e Meg da Tudo de Cão no Brasil

sábado, 10 de janeiro de 2009

Entrevista com Cesar Millan

Esta entrevista foi feita na rádio, nos EUA, num programa chamado Pet Central conduzido por Steve Dale (biografia de Steve no final do artigo), tem a duração de48 minutos aproximadamente à qual vou deixar um link e está toda em inglês.

Infelizmente não tenho disponibilidade para traduzir a entrevista toda, mas gostaria de citar algumas da respostas dadas por Cesar Millan às questões colocadas e tecer alguns comentários. Podem ouvir a totalidade da entrevista no link

http://wgnradio.com/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=150&Itemid=265

é logo o primeiro link basta clicar no nome do Cesar Millan com o botão direito do rato e fazer “save as” e fazer o download em mp3 da entrevista.

O facto de que Cesar Millan usa métodos antiquados, que cairam em desuso pela grande maioria dos treinadores a nível mundial e que podem prejudicar, mais do que ajudar donos de cãs, não é segredo nem para a maioria das pessoas, nem para ele mesmo, que coloca anúncios enormes nos seus programas a pedir às pessoas para NÃO TENTAREM aquilo em casa.

E realmente se gostam dos vossos cães, se prezam o vosso relacionamento e se têm um problema que precisa de ser resolvido, não tentem imitar o Cesar Millan, como ele próprio diz,

”os meus programas não são para ensinar as pessoas em como lidar com os seus cães”.Se tem um problema com o seu cão, contrate um profissional.” - É de longe o melhor conselho que Cesar Millan vos poderá alguma vez dar.

Cesar Millan é sem dúvida um dos melhores entretainers que existe na televisão americana e quiça internacional. Toda a gente gosta de uma história de sucesso! O mexicano que veio para os estados unidos á procura do sonho americano e que o encontrou no mundo dos cães. Toda a gente adora o dramatismo, as música sensacionalistas, os relatos mediáticos e os aparentes finais felizes que caracterizam todos os programas do CM.

Este produto, Cesar Millan entrega sem qualquer sombra de dúvida. Ele é um homem bem parecido, bem falante, bom comunicador, e com quem facilmente nos conseguimos identificar. É nitidamente calmo e nunca parece perder a postura e isto é algo extremamente apetecível quando lidamos com algo tão emotivo como termos o nosso próprio cão exibindo um problema de agressão Não haja dúvida que ele é um conquistador de grandes massas.

Para além disso Cesar dá óptimos conselhos aos donos de cães. Façam exercício com eles, não os prendam a correntes ou deixem-nos fechados em quintais o dia todo. Interajam com os vossos cães, deixem que eles façam parte da vossa família, etc.. Muitos destes conselhos são excelentes, embora à priori sejam apenas senso comum.

Não obstante, considerar o Cesar Millan um bom treinador de cães já não é realista. Ele próprio não se considera um treinador e admite saber pouco ou nada de treino canino. O que ele admite é ter um método criado por ele, que é tão vago que nem ele próprio consegue explicar. No entanto, milhares de pessoas, “bebem” o seu programa sem questionar absolutamente nada do que ele faz.

Quem acredita que Cesar é um bom treinador infelizmente deixou-se iludir pela formula mágica apresentada no quadrado (tv). No entanto existirão sempre pessoas que são atraídas pelo mediatismo e o sucesso de outras. Estas são as mesmas pessoas que vão seguir o Cesar, não porque ele é bom treinador, conhecedor, instruído e na realidade nada tem haver com os cães, mas sim porque ele é famoso e aparece na televisão. Isso basta, mas bastará para os nossos cães?

As pessoas têm o direito de se deixarem “encantar” por quem quiserem, mas são os seus cães, que inadvertidamente acabarão por sofrer as consequências dessa ilusão, quando estas pessoas, mesmo contra todos os avisos, tentarem as técnicas dele em casa. Porque afinal de contas, e como muitos dizem, os anúncios são apenas para as pessoas que não entendem e que não sabem o que fazem, ou que têm poucas capacidades de “liderança” o que obviamente não abrange ninguém que visiona os seus programas (quem é que voluntariamente se inclui nesse grupo?). Praticamente toda a gente diz gostar de Cesar Millan, afirma que tentou as suas técnicas, que vai contra aquilo que ele pede aos seus fãs.

Na entrevista, Steve Dale, coloca questões como:

SD: “Quando entra em casa de alguém, você consegue dizer qual o estado do cão imediatamente? E se sim, como?”

CM: “...se o cão vem ter comigo e cheira-me, partilhando comigo uma postura com cabeça baixa e orelhas para trás, rabo entre as pernas a abanar gentilmente, isso para mim é a imagem de um cão em estado calmo submisso. Agora se eu não sei como esse cão está, eu chamo o meu cão -Daddy, para que ele venha e me ajude a dizer, se este cão está medroso, tenso, o que seja...:”

Comentário: Para além do pobre conhecimento de linguagem canina (sobre linguagem canina pesquisar: Turid Rugraas - http://www.canis.no/rugaas/ - e Jean Donaldson - http://www.youtube.com/watch?v=0VmWizZueFQ&feature=related ) o Cesar explica como pergunta ao seu cão Daddy em que estado estão os outros cães! Cesar Millan afirma cabalmente ter um poder que ninguém tem! “Falar” com o seu cão, não só falar ele pergunta-lhe como o outro cão está e obtem uma resposta. Ele fala com os cães!?!?
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SD: “Imagine que está a caminhar com o seu cão pela rua e na direcção oposta a si vem uma pessoa com outro cão. O seu cão sabe que quem vem lá é uma pessoa com um cão? Que são diferentes um do outro? Acho que o que quero perguntar (e o que eu não entendo) é essa mentalidade de matilha da qual você fala e que nós nos fazemos parte dela ....será que os cães sabem que nós não somos cães?

CM:”Sim, os cães sabem que não somos cães...mas alguns cães controlam as vidas das pessoas.... Algumas pessoas não deixam ninguém entrar em casa delas, porque o cão pode morder. Para mim e na minha linguagem, nesse cenário o cão é líder e as pessoas são as seguidoras..”

SD: “Mas e se esse cão quiser morder porque tem medo ou porque teve uma pobre socialização? Acha que se o dono disser – Eu vou ser o líder e tomar controlo da situação! – vai ajudar nalguma coisa?”

CM:Não....As pessoas precisam entender que é necessário o conhecimento dealguém, por isso digo contratem um profissional, porque nem tudo o que resulta para uma pessoa resulta para si. As pessoas não devem fazer nada que não estejam 100% certas, não é porque viu na televisão, ou leu num livro, que devem fazer. A melhor forma que tenho de dizer isto é, consultem um profissional.”

Comentário: Como já indiquei acima, o próprio CM parece confuso em relação aquilo que ele próprio diz. Em todos os seus programas, ele afirma que somos membros da matilha, que temos que nos assertivar como dominantes sobre um cão e que para fazer isso temos que implantar as suas tácticas, nomeadamente pôr a mão em forma de “garra” e fingir que a nossa mão são os dentes de outro cão a morder, ou rolarmos o nosso cão no chão à força enquanto este nos tentar morder, porque outros cães fazem isto (isto é mentira, nenhum cão faz isto, artigos neste blogue explicam mais detalhadamente). No entanto ele afirma que não somos cães e que os cães sabem isso. Também afirma que as pessoas não devem fazer nada do que ele faz, mas devem contactar um profissional, mas ele não é supostamente um treinador profissional de cães? E de que serve um programa de treino de cães, que constantemente aconselha a que ninguém fala aquilo, incluindo o próprio protagonista?
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SD: “Cesar antes de prosseguirmos, pergunto quem é que o Cesar lê? Não pergunto romances, mas sim livros relacionados com cães. De quem é o Cesar Millan fã?”

CM: Leon F. Whitney (autor em 1972 do livro “As Bases da psicologia canina”)...

SD: “E alguém que seja mais contemporâneo?”

CM: “AH! Todos os livros que são publicados, é bom mantermos uma mente aberta, estar num estado submisso e aprender com toda a gente...”

SD: ”Então é fá de quem?”

CM: “Neste momento sou fã de....(longo silêncio e suspiro) Meu Deus....são tantos...”

Comentário: Se ler um livro de treino canino escrito no nosso século, por um treinador que se baseia em métodos validado na actualidade, vai verificar que todos eles referem bibliografia extensa.Treinadores acutais não se baseiam em si mesmos para ditar nada. A aprendizagem tem que vir de várias fontes para ser correcta, não podemos ter uma visão unitária de um assunto. Um treinador que apenas consegue nomear UM treinador no mundo todo, cujo livro no qual ele baseia todo o seu trabalho foi escrito antes de eu nascer, é no mínimo caricato. Cesar Millan afirma ler todos os livros que saem mas não consegue nomear um unico autor, na realidade ele apenas aprende consigo próprio.
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SD: ”Se o Cesar tivesse uma orca , como é que a treinaria?” outra questão colocada por um ouvinte através de e-mail.

CM: “Bem...certamente iria ao SeaWorld e aprenderia com eles, porque não conheço a psicologia das orcas... sei que comem peixe, mas é só isso que sei..”

Comentário: Karen Pryor a “criadora” do clicker, começou por ser treinadora de golfinhos no SeaWorld de onde ela adaptou o método positivo usado para treinar golfinhos, baleias, orcas, focas, etc e o adaptou aos cães. Os treinadores do SeaWorld usam nos seus animais os mesmos métodos que todos os treinadores positivos que contestam os métodos de CM usam diariamente com cães.
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SD: “Você escreve no seu livro, - se você se apresentar ao seu gato como líder você domina o gato e o cão dará espaço ao gato. Não separe o cão e o gato, o seu objectivo é criar uma matilha familiar...A minha questão é, se eu tentasse com o meu gato, ou qualquer gato, assertivar-me como líder como você aconselha, o meu gato iria perder toda a confiança em mim e ignorar-me provavelmente durante meses seguidos ou talvez para sempre. Gatos não percepcionam o mundo da mesma forma que os cães. Cesar você está a dizer no seu livro que nós devemos ser dominantes com os nossos gatos??”

CM: “Bom Steve, eu não percebo nada de gatos.”

SD: “... mas então o que é que você quer dizer com isto, é tirado do seu livro!”

CM: “Mas eu não percebo a psicologia dos gatos. O que o livro diz é... que num relacionamento entre um cão e um gato, quando é muito saudável, na maioria das vezes o gato está em controle da casa, ele domina a casa. Se ele quiser ir à cozinha, o cão sai da cozinha. Dominância você vê mais como um acto físico eu vejo mais como um acto mental,...se o toque físico é preciso então eu faço-o mas se não, eu prefiro fazê-lo com a minha mente, tal como o gato! Ele não está sempre a tocar no cão! Mas o gato estabelece as regras, limites e limitações a partir do momento que o cão entra em casa Mal o cão entra em casa o gato dá-lhe uma unhada e a partir daí é tudo mental. O gato toca no cão fisicamente não para o magoar, mas apenas para que ele saiba quem é que manda na casa e a quem é que aquele humano pertence.”

Comentário: Ele afirma não perceber nada de gatos mas dá conselhos às pessoas e analisa o que o gato está a fazer. “Ensina” que o líder da matilha deve ser o humano,mas remata com o facto de que as pessoas pertencem aos gatos e que estes mandam na casa?? O mais caricato desta afirmação é dizer que dominância para ele é um acto mental, no entanto, em todos os programas de Cesar vemos ele manejar fisicamente todos os cães, ou com as próprias mãos ou com a ajuda de uma trela.

Tenho uma pitbull que adoptei recentemente (menos de 1 mês) e dois gatos, um que está connosco há 6 meses, o Jaime extremamente confiante e seguro de si e outra adoptada e extremamente medrosa, a Sofia, e nenhum deles mandou unhadas na Safira nem a Safira tentou morder nenhum. Mantivemos os três separados enquanto pusemos em prática um plano de desensitização e contra condicionamento para apresentar a Safira aos meus gatos e vice-versa (http://www.youtube.com/watch?v=wnlfrRVMPOQ&feature=channel_page). Hoje em dia (menos de 1 mês) passeiam todos pela casa em harmonia e sem nunca terem tido conflitos.
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Um ouvinte coloca uma questão a CM:

Ouvinte: “Estou a olhar para o seu web site “Sessões com o Cesar”. E vejo aqui que você propõe resolver problemas tais como ansiedade, agressão, medo, etc... e tem todos estes materiais de curso. Claro eu tendo uma graduação em Etologia e sendo um etólogo, a minha questão é: como é que você vai explicar a estas pessoas como podem encontrar a função, como é que elas vão estabelecer a chave para a motivação,estabelecerem o estímulo e entenderem o comportamento e as suas consequências para solucionarem este tipo de problemas comportamentais?”

CM: “As pessoas têm que ter 100% de certeza que estes cursos as vão ajudar. Só assim é que os cursos as vão ajudar....”

Comentário: Durante esta entrevista duas ouvintes colocaram uma questão pedindo conselhos práticos. Cesar não deu nenhuma dica válida que as ajudasse dizendo que sem ver o cão e sem estar lá não poderia ajudar. No entanto ele vende na internet cursos pré-feitos para resolver problemas comportamentais tão graves como agressão. Cursos pré-feitos que são válidos para todos os cães, isto é, todos os cães com medo vão ter o mesma solução, todos os cães agressivos têm a mesma solução, etc.. etc.. Para além disso a validad e sucesso desses cursos não depende dele, nem dos conselhos que ele dá mas sim do facto da pessoa acreditar que o curso ajuda (não se esqueça de pagar primeiro!). Já imaginou ir ao veterinário e este dizer que o tratamento que ele dá ao seu cão só irá resultar se você acreditar que ele pode resultar, doutra forma, se você não tem a certeza não o faça.
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Esta entrevista mostra a natureza de um homem que é um verdadeiro entretainer. O que Steve Dale nos proporcionou foi a oportunidade de colocar questões importantes e directas e avaliarmos por nós mesmos as repostas que CM dá. A incoerência, incapacidade de ser directo e em explicar aquilo que ele faz e a falta de conhecimento acerca de cães e do seu comportamento, está patente.

Convido-vos a não se deixarem influenciar por ninguém, nem por Cesar,nem por mim, nem pelo Steve, nem mesmo pelo etólogo ao telefone.

Ouçam vocês mesmos e usem o vosso sentido crítico para encontrarem as respostas. Não aceitem nada como universalmente correcto, questionem e procurem saber todas as versões.
Se tiverem um problema com o vosso cão, continuem fãs do Cesar, mas sigam o seu conselho desliguem a TV, não façam o que ele faz e contratem um profissional.

Quem é Steve Dale:

Steve Dale é um especialista certificado em comportamento canino e felino.
Escreve uma coluna semanal no jornal (Tribune Media Services), é editor da revista USA Weekend e correspondente especial na revista Cat Fancy, sendo locutor de dois programas de rádio nacional, Steve Dale’s Pet World e The Pet Minute assim como locutor do famoso programa na rádio WNG de Chicacago Pet Central.


Steve foi convidado no programa da Opra Winfrey, na National Geographic Explore, na Fox News e vários programas no Animal Planet. Já apresentou vários programas de animais na televisão e rádio nacional.

É um convidado regular em conferências veterinárias e humanas e é frequentemente citado em publicações tais como USA Today, Los Angeles Times e Redbook.
Steve é editor da revista PawPrints uma revista para veterinários. Ele pertence ao quadro de directores de várias associações de renome incluindo a Associação Americana Humana que protege os direitos dos animais e das crianças contra a crueldade
(http://www.americanhumane.org/). Escreveu livros que incluem American Zoos e DogGone Chicago.

Os vários prémios recebidos por Steve incluem o distinto prémio por feitos humanitários da AVMA – Associação Médica Veterinária Americana (http://www.avma.org/).

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Dominância - o Mito


A teoria da dominância e o facto de que a mesma à luz de muitos treinadores, cientistas, comportamentalistas, etólogos e biólogos e donos de cães é na realidade uma teoria ultrapassada, sem fundamento científico actual, não é segredo. A questão surge para alguns como controversa e polêmica, mas não é nova, nem revolucionária.

Alexandra Semyonova (2003) autora do estudo acerca da organização social canina afirma no seu estudo:

"A teoria da dominância está desesperadamente a necessitar de uma substituição. Schenkel protestou no instante que a teoria foi usada para explicar a organização social de lobos, mas por algum motivo, as pessoas ignoraram-no. Não demorou muito a que o mesmo mito fosse aplicado aos cães. Nem sequer podemos chamar a isto má aplicação da ciência, porque na realidade não é sequer ciência."

Só porque algo desafia aquilo que sempre ouvimos dizer e como tal tomamos como certo, não quer dizer que isso seja a verdade imutável. Aliás não existe tal coisa. A ciência e o conhecimento estão em constante mutação. O que é tomado como certo pode ser provado diferente no futuro. No entanto, o que está provado cientificamente é tido como correcto, até prova em contrário.

Porque é que os treinadores positivos “enchem a boca” com a palavra ciência?

Porque esta é a única que pode dar-nos a informação correcta e actualizada. Num mundo cada vez mais pequeno, em que opiniões se dividem em tantos assuntos, como podemos discernir o certo do errado?
Em séculos passados acreditava-se que a terra era plana e o sol girava em torno da Terra. Tal era a certeza desses conhecimentos que quem disesse o contrário era tido como louco. No entanto, com o desenvolver dos estudos, da ciência e do desenvolvimento de novas teorias, ficou provado que a Terra era redonda e que esta rodava em volta do Sol e não o contrário. E até hoje assim é. Como sabemos? Porque a ciência nos dá essa certeza.

Patrick Hurley escreveu:

"Chamamos, no entanto, a atenção para que dizer que uma crença está justificada não é dizer que é de certeza absoluta verdadeira. Como vimos todas as crenças que têm origem na ciência são na melhor das hipóteses tentativas. Mas essas crenças são as melhores que por agora podemos ter. Do mesmo modo, dizer que uma crença não está justificada não é dizer que é absolutamente falsa. É muito possível que uma crença que se funda hoje na superstição possa amanhã fundar-se na ciência. Mas essa crença não merece aquiescência hoje."


Distinguir ciência da superstição não é preocupação fútil de filósofos de poltrona, como alguns sugeriram, mas uma questão vital para o futuro da civilização."


A teoria da dominância, foi colocada em causa, quando foram feitos estudos acerca da interacção social entre cães e entre lobos. Os vários estudos demonstraram que não só os lobos não detêm uma hierarquia linear, como outros estudos demonstraram que a hierarquia ou organização social entre os cães se diferenciava totalmente da dos lobos.

Surgiu uma nova teroria. A teoria de que os cães, não se relacionam com os humanos da mesma forma que se relacionam entre si, muito menos, que estes se comportam como os lobos.

A capacidade dos lobos prociarem com os cães (coisa que só acontece em ambientes extremamente controlados e artificiais) ou o DNA do cão ser idêntico ao de um lobo, não justifica, nem prova que os cães se comportam como lobos. Muito menos vem justificar o porquê de algumas pessoas teimarem em imitar cães e lobos para conseguirem conviver com os seus animais.

Breno Esposito no seu website acerca da origem do cão doméstico escreve:

“Na verdade, todos os membros do gênero Canis (lobos, coiotes, chacais e o cão selvagem africano) podem cruzar entre si, em cativeiro, gerando descendência fértil. Portanto, se poderia perguntar, "Então, todos eles são da mesma espécie?". A resposta, entretanto, é não. Eu perguntei isso ao corpo técnico do National Museum of Natural History, e a resposta que me deram era mais ou menos a seguinte: "Embora animais silvestres possam cruzar entre si em cativeiro, isso não implica que o façam na natureza. Portanto, não se aceitam registros de intercruzamento em cativeiro para estabelecer a "sinonimização" das espécies. Ou seja, o conceito de "espécie" leva em conta apenas àqueles cruzamentos que ocorrem na natureza, devidamente comprovados, e não em cativeiro.”

A genética por si só, não dita o comportamento de um animal e este é o facto mais importante de todos.

A genética não é um factor totalitário e único no desenvolvimento comportamental de nenhum animal. Obviamente que a genética desempenha um papel no carácter e temperamento de um cão. Por isso sabemos que os Border Collies podem ser óptimos cães de pastoreio, ou que os Rottweilers, podem ser bons cães de guarda. Tudo isto é resultado de características inerentes à raça e que são passadas de geração em geração. No entanto,quem já não se deparou com um Border Collie que não consegue pastorear, ou quem não conhece um Rottweiler que quer é lamber os visitantes todos? Porque é que isto acontece? Se a genética ditasse o comportamento estes casos não seriam possíveis....

Para além do factor genético existe uma lista de outros factores que em conjunto vão determinar que tipo de cão vamos ter. Factores como treino, socialização, educação, regras, etc. Se formos buscar um Border Collie e nunca oa treinarmos ou socializarmos este certamente não irá pastorear ovelha nenhuma, poderá querer atacar uma, ou fugir dela. A sua predisposição genética para o pastoreio s, não irá tornar um BC num óptimo cão de pastoreio, algo mais tem que existir.

Como tal, afirmar que porque a genética do cão e do lobo são idênticas, nós temos que olhar para o comportamentos dos lobos e aplicá-lo aos cães, está completamente errado, e só levará a problemas graves no relacionamento que detemos com os nossos animais de estimação.

Alguns defendem que o comportamento dos cães se assemelha ao dos lobos, mas apenas em alguns aspectos. As diferenças entre lobos e cães são imensas. Desde diferenças físicas desde diferenças comportamentais.

Pessoas como a Dra Patricia Macconnell - etóloga e a Dra. Sophia Yin - Veterinária doutorada em comportamento animal, ambas presentemente trabalham como treinadoras e especialistas em comportamento canino com grande reconhecimento mundial, estudaram e treinaram lobos e referem que os comportamentos do lobo em cativeiro são totalmente diferentes dos comportamentos dos nossos cães.


A maioria das pessoas que têm um cão em casa, pouco ou nada percebe realmente de cães. Ao dono de cão comum, pouco lhe interessa quem foi Konrad Lorenz ou e muitas poucas pessoas sabem ou precisam de saber quem é Thorleif Schjelderup-Ebbe o cientista que, em 1921 ao estudar galinhas, cunhou o termo hierarquia linear e que depois foi erradamente aplicada aos lobos e que incrivelmente ainda é defendida hoje em dia por muitos (apesar das evidentes provas em contrário).




No entanto a esses donos de cães é muitas vezes dito, que têm que lidar com o cachorro como se fossem líderes da matilha, á imagem dos lobos. Isto é tão rebuscado que toca o ridículo. A pessoa que tem dificuldades em ensinar o cachorro a fazer as necessidades no local correcto, tem que subitamente saber imitar o comportamento de um lobo alpha dentro de uma matilha???

Eu entraria em pânico se a minha convivência e relacionamento com os meus cães, dependesse unicamente da minha capacidade de copiar o comportamento de lobos, nem vou tão longe, se me disessem que teria que imitar a mãe do meu cachorro para ser bem sucedida a educá-lo e treiná-lo eu iria entrar em parafuso! Eu não tenho os reflexos, capacidades , sentidos apurados nem destreza comunicacional de um cão, e sinceramente nem prentendo ter, não preciso.

Dominância e desobediência estão de mãos dadas na boca de muitos treinadores tradicionais.
O cachorro que mordisca as mãos, está a fazer aquilo que é normalíssimo para ele, brincar, pois é assim que eles brincam, mordiscando tudo e usando a boca para explorar o mundo. Já os humanos nao brincam a morderem-se uns aos outros e a não ser que ensinemos ao cachorro como ele pode brincar connosco ele continuará a fazer aquilo que lhe é natural e saudável.

Agarrar no cachaço de um cachorro e berrar-lhe aos ouvidos, morder-lhe os beiços ou bater-lhe no lombo, para nomear algumas das sugestões que ouço e leio por aí, pode até fazer com que o cachorro pare o comportamento (temporrariamente e apenas porque o magoamos), mas também ensina o cachorro que brincar com os donos é má ideia, isto é acabamos de ensinar ao cão que não é permitido brincar com os donos – eu não consigo pensar em nada mais detrimental para o relacionamento e algo que eu pessoalmente odiaria, incutir a ideia ao meu cão que não pode brincar comigo.

Inibimos e castigamos um comportamento natural num cão. Ao castigarmos o cão não lhe estamos a ensinar nada. Estamos apenas a castigá-lo. O cão aprendeu que mordiscar nas mãos do dono resulta em algo desagradável e aversivo, mas não aprendeu o que fazer se quiser brincar com o dono.

Já para não falar nos cães que não vão tolerar este tipo de ameaça física e desenvolvem problemas comportamentais. Uns ladram aos donos, outros rosnam e outros mordem. O cão reage assim porque se está a defender, nos olhos do dono, confirma-se a dominância do cão, que não se deixa castigar silenciosamente.


Então porque será que tantas pessoas acreditam piamente que devemos imitar lobos e cães, quando o nosso relacionamento com os nossos cães, está tão longe daquele de um matilha de lobos ou cães?


Somos nós na realidade que controlamos os recursos todos. Nós é que damos de comer, abrigo, segurança, providenciamos interacções sociais, passeios, segurança, visitas ao veterinário, etc. O que tudo isto tem haver com lobos está para lá da compreensão lógica de qualquer um.

Eu NUNCA vi uma cadela a agarrar um cachorro pelo cachaço e abanar de um lado para o outro como forma de o ensinar nada. Isto não está documentado em lado nenhum! Nem faz sentido que assim seja, essa manobra, implica um perigo grande em magoar o cachorro que vai contra a natura da procriação e da perservação da própria espécie.

A única ocasião na qual podemos presenciar uma cadela a pegar num cachorro pelo cachaço é para transportá-lo de um local para o outro e isto normalmente ocorre quando os cachorros são muito pequeninos e o seu peso permite que a cadela faça isso, sem os magoar. Pegar no cachaço de um cachorro de 5 meses não é educação, é abuso.

As cadelas quando os cachorros magoam, muitas vezes “zangam-se” com eles. Dão uma rosnadela, e abocanham o ar, virando o focinho na sua direacção. Mas NUNCA nenhuma cadela (excluindo casos raros nos quais as cadelas maltratam e matam as crias) sequer tocam neles, porque mais uma vez isto seria um conflito com a preservação e protecção dos cachorros. Basta um “chega para lá”. Muitas cadelas, simplesmente levantam-se e saem do local.

Isto comparado com o nosso manuseamento físico e agressivos dos cachorros é uma diferença abismal. Para além de que não somos nem cães, nem as mães dos cachorros, nem temos as mesmas capacidades comunicacionais, reflexos e nem sabemos interpretar os sinais comunicativos caninos da mesma forma que os cães o fazem.

Estes comportamentos estão documentados em estudos feitos por pessoas que passaram as suas vidas a observar os cães e lobos a recolher dados concretos - David L. Mech efectuou um estudo de 30 anos a observar grupos de lobos no seu ambiente natural e vem colocar muitos mitos por terra. Continuar a basear as nossas interpretações dos lobos em estudos desactualizados e desacreditados é ignorância (no sentido de falta de conhecimento).

Qual o melhor animal para observarmos que nos dará uma compreensão correcta de como interagem e vivem os cães, do que observarmos os próprios cães? Se temos tantos cães para observar porque olhamos para os lobos??? Porque esta obsessão por um animal tão diferente do nosso cão? E que papel desempenha o ser humano como espécie diferente no meio disto tudo?

Somos espécies diferentes, e somos dotados de uma inteligência muito superior, que felizmente nos permitiu desenvolver métodos e técnicas de como educar e treinar os nossos cães, que funcionam e respeitam os mesmos. Dizer que a melhor forma de educar um cão é imitar uma espécie inferior à nossa é negar a nossa inteligência e a nossa superioridade.

Todos os dias milhares de pessoas lidam com os seus cães, usando estas técnicas. Nunca imitam nem cães, nem lobos e obtêm resultados melhores, na medida em que se abstêm de tentar ser aquilo que não são. Não correm o risco de serem mal interpretadas, apenas aplicam aquilo que resulta e constroem uma relação de amizade e cooperação com os seus cães. Afinal de contas temos cães em casa porque os domesticamos e porque estes são nossos companheiros, o fiel e melhor amigo do homem. Está na altura de começarmos também nós a retribuir e agirmos como se fossemos o melhor amigo do cão.

Esqueçamos os relacionamentos antagonísticos, controversos e as guerrilhas hierárquicas. Os nossos cães não passam o tempo a conjurar uma forma de subirem numa estrutura hierárquica que não existe.

Mesmo que existisse que interesse teria um cão em ser dominante sobre nós? A não ser que ele aprenda a ir ao supermercado comprar a ração e cozinhar para nós, a levar os nossos filhos à escola e a levar-nos ao médico quando estamos doentes, o maior conforto que o cão pode ter é precisamente saber que nós inadvertidamente e por defeito controlamos TODOS os recursos que realmente importam.

Os meus cães quando dormem no sofá fazem-no para estarem mais perto de mim e eu gosto, ou simplesmente porque é mais quente ou fofo que o chão. No verão o meu cão, acha que o melhor sítio para dormir é o chão fresco de azulejo da cozinha e eu não vou expulsá-lo do chão da cozinha e vou dormir para lá apenas porque o meu cão acha que é o local preferível!

Na realidade a extrapolação destes comportamentos é tal que a maioria nem vale a pena discutir ou argumentar.

A minha mensagem do ano de 2009 é apenas uma, nas palavras de B.F.Skinner:

"Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite a verdade eterna. Experimente."


Fontes e recursos:


- Patrick J. Hurley, A Concise Introduction to Logic, Wadsworth, Belmont, 2000, pp. 588-606. http://www.filedu.com/pjhurleycienciaesupersticao.html






- Drª Patricia Macconnell - http://www.dogstardaily.com/blogger/1385


- Alexandra Semyonova, The Social Organization of the Domestic Dog; A Longitudinal Study of Domestic Canine Behavior and the Ontogeny of Domestic Canine Social Systems, - http://www.nonlineardogs.com/embed-SocOrg.html











sábado, 3 de janeiro de 2009

Extinção de um comportamento o que é?

Muitas pessoas me perguntam,” se usa métodos positivos e não castiga o seu cão como faz para parar um comportamento que não quer?”

A resposta é quase sempre a mesma.
Ignorar o comportamento indesejado.
A falta de reforço de um comportamento leva invariavelmente à extinção do mesmo.

Vamos dar um exemplo clássico do cachorrinho que chora quando fica sózinho. As consequências desse comportamento (chorar) é que vão ditar o que o cachorro vai fazer no futuro (repetir o comportamento ou não). Se os donos acorrerem ao choro do cachorro este aprende que quando chora os donos vêm. O choro do cachorro é reforçado positivamente, pela presença ou aparecimento dos donos, mesmo que momentâneamente. Se o cachorro chora porque não quer estar só, mesmo aquele dono que aparece para resmungar com o cachorro estará a reforçar esse comportamento, porque para o cachorro a única coisa que interessa é que ao chorar o isolamento termina, mesmo que seja para ver o dono zangado.
Isto repete-se durante umas semanas, até que os donos começam a entrar em desespero, o que fazer?
Ignorar o comportamento. Isto era o que deveria ter sido feito no início, como já existe o que chamamos de um historial de reforço (durante algum tempo o choro do cachorro foi reforçado pelos donos que vinham ao seu encontro) o que vai acontecer é uma extinção do comportamento.
Isto quer basicamente dizer que o cachorro vai chorar, chorar, chorar e chorar mais. Quando vir que ao contrário do que aconteceu até ali o choro dele não trás mais os donos até a si, o comportamento entra em extinção, quando isto acontecer ele vai oferecer comportamentos variados, vai chorar e talvez uivar, ou arranhar a porta. É nesta altura que a extinção de um comportamento se encontra no seu pico ao que chamamos de “extinction burst”. Quando o comportamento parece ter ficado pior ao invés de melhorar, é quando na realidade a extinção está a funcionar. O cachorro continuará a tentar vários comportamentos complementares ao choro, e quando vir que estes também não resultam, pára.
Assim se modificou um comportamento sem uso de aversivos, castigos ou repreensões. Assim como ir ao encontro do cachorro quando este chora resulta no mesmo aprender que chorar resulta, deixar de ir ter com o cachorro resulta no contrário, em ele aprender que esse comportamento não lhe trás nada e como tal ele deixa de o oferecer.
O mesmo se aplica com tudo o que o cão faz. Para acelarar o processo os treinadores certificam-se que reforçam os comportamentos desejados ao mesmo tempo que ignoram os indesejados.
Por exemplo o caso do cão que pula para cima das pessoas porque quer a sua atenção. Retirar toda a atenção ao cão quando este salta, vai colocar o comportamento em extinção. Ao mesmo tempo podemos ensinar um comportamento alternativo e reforçar esse outro.
Isto é, o cão salta porque quer atenção das pessoas, ignoramos o saltar, pedimos um senta e damos atenção ao cão quando ele está sentado à nossa frente. Não só estamos a ignorar um comportamento (saltar), como estamos a educar o cão no sentido de lhe dar uma alternativa (senta) para obter o que quer (a nossa atenção). É sempre a permissa de que damos ao cão o que ele quer se ele nos der oque nos queremos.
Vou colocar aqui um vídeo que exemplifica um "extinction burst" ou pico de extinção de um comportamento. Todos nós nos podemos identificar com estes cenários, notem no pico da extinção como aumenta a intensidade e variedade do comportamento.