terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Chamaram-me Safira

A Safira é o novo membro da nossa família cá em casa, que não pára de crescer. A Safira tem uma história especial e fantástica e é uma cadela única. Por isso fizemos um blog só para ela, e tencionamos seguir o dia a dia dela, e a forma com tencionamos treiná-la para cão de assistência.

O link para o blog é:

http://chamaram-mesafira.blogspot.com

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

TAG Teach

TAg teach é o uso do clicker e dos mesmos princípios da psicologia da aprendizagem aos humanos. Neste caso ginastas com o clicker têm a oportunidade de marcar e comunicar com as suas colegas quando estas executam movimentos correctos numa rotina. Assim a ginasta sabe exactamente quando faz o movimento correcto e é reforçada pelo som, tal qual uma professora estar constantemente a dizer "óptimo esse movimento foi perfeito!" sempre que ginasta o fizesse. Este método já está activo há bastante tempo nos EUA e tem tido muito sucesso no treino de ginastas e começa a ser testado na educação de crianças noutras áreas.

Thorndike - Puzzle box

A caixa de Thorndike, as suas experiências com gatos e como ele chegou á "Lei do Efeito", na qual as consequências de um comportamento ditam a frequência do mesmo.

Está em inglês:

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cesar Millan - Reabilita cães ou Suprime comportamentos??

Modificação comportamental é o processo de mudar as emoções do cão, através de gradualmente expôr o cão (desensitização) ao estímulo (outros cães, pessoas, carros, etc..) e ensinar comportamentos alternativos (contra condicionamento). Este processo mantém o cão abaixo do nível de reacção (normalmente referido como “threshold”) e gradualmente ensina o cão resposta de comportamento mais adequadas em situações de stress. Existe uma diferença entre suprimir um comportamento e modificar um comportamento.

Supressão é tipicamente feita através do uso da força e castigos e do “flooding”.
Supressão de um comportamento, consiste em colocar o cão numa situação extrema, de forma a que ele não tenha chance de escape, mas tenha que lidar com o problema, e o cão fá-lo através da supressão dos seus comportamentos, para evitar os castigos que este originam. Por exemplo, se o cão ladra para outro cão porque tem medo, e o treinador, estrangula o cão e usa a força para ele pare de ladrar, o cão poderá escolher parar de ladrar para evitar os castigos, mas será que perdeu dessa forma o medo?

Vou usar um exemplo humano, para ser mais simples entender o que é a supressão e o flooding:

Eu sofro de aracnofobia, e grito sempre que vejo uma. Segundo o Cesar Millan, a forma de solucionar o meu comportamento (gritar quando vejo aranhas) seria colocar-me num local com aranhas á minha volta e sempre que eu gritasse eu levava uma estalada, por exemplo. Ao fim de algum tempo, eu poderia escolher não gritar para evitar as estaladas, mas certamente este exercício não me resolveria o medo que tenho das aranhas, aliás segundo os princípios de aprendizagem e psicologia eu provavelmente passaria a ter mais medo das aranhas, porque as minhas reacções ao medo, podiam agora também provocar outros castigos (as estaladas). Assim sempre que eu visse uma aranha no futuro eu iria evitar gritar, para evitar o castigo, mas iria sentir medo na mesma.

Este exemplo acima é um típico da supressão de um comportamento e da técnica de flooding. Esta técnica é tida por cientistas por todo o mundo como cruel, cravejada de riscos e completamente desnecessária.

Um cão com um comportamento realmente modificado através de desensitização e contra condicionamento é ensinado a oferecer ao dono voluntariamente comportamentos alternativos, como olhar olhar para o dono, quando vê outro cão, o que permite ao dono reforçar esses mesmos comportamentos, na vez de constantemente castigar o cão pelos comportamentos indesejados, e permite modificar o estado emocional do cão, na vez de apenas suprimir respostas.

A força inclui castigos tais como correções verbais, esticões na trela, bater no cão com os dedos, ou com a perna. Também inclui atirar os cães para o chão e rola-los de costas, por exemplo. Enquanto que técnicas como estas podem suprimir os sintomas do problema comportamental (se não provocarem uma resposta agressiva – o que se vê repetidamente acontecer nos programas de Cesar), o uso da força muitas vezes torna o problema pior, uma vez que o cão forma a associação do problema com o estímulo (tal qual em cima o exemplo das aranhas e das estaladas).
Muitas vezes também ao fim de algum tempo a frequência e força do castigos terão que ser aumentados de forma a manter a supressão do comportamento em si.

Flooding é expor de uma forma prolongada e forçada alguém a algo desagradável ou que causa medo. Isto inclui puxar um cão com medo de água para dentro da piscina, ou colocar um cão com medo de outros cães, no meio de centenas de cães. Inclui também apresentar qualquer estímulo que cause medo no cão de forma forçada e exagerada (como ligar uma mota ao lado de um cão que tem pavor a motas).

Quando um cão é “flooded” (inundado) estes podem “desligar”/“desactivar” qualquer e todo o comportamento, dado o stress e pavor da situação. O Cesar Millan repetidamente usa esta técnica porque é a forma mais rápida de “fazer crer” que o problema está solucionado uma vez que o cão deixa de exibir o comportamento problemático, aliás o cão deixa de exibir o que quer que seja, ele simplesmente não se mexe!

Isto não é resolver o problema, é sim simular uma solução rápida para enganar quem vê e pior que tudo é colocar em risco as pessoas que possam tentar estas técnicas, colocar em risco os cães, e usar métodos desumanos e completamente desactualizados.

Deixo um vídeo do CM típico de uma situação de Flooding, na qual ele justifica os tremores do pobre do cão, os gritos do mesmo e a reacção como um factor de dominância (????. Coisas a notar:

1. como o cão está a tremer e a querer evitar a situação mesmo antes do Cesar ligar a mota.

2. Como o cão está a usar uma coleira de bicos (de forma a que Cesar possa através do castigo suprimir as reacções do cão - as tais estaladas)

3. Como ele tacticamente aplica esticões na coleira de bicos exactamente quando o cão está a "gritar", de forma a suprimir esse comportamento

4. Como o Cesar justifica o cão tremer ao lado da moto como o cão estando a aceitar a submissão (????)

5. a linguagem que o cão oferece no final, a arfar, olhos com as pupilas extremamente dilatadas e a tremer (ou seja, completamente apavorado) ao que Cesar diz que aquele é o cão no estado normal


quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Richard Dawkins, acerca da importância da ciência como factual

Porque é que a ciência é tão importante para a compreensão de tudo o que nos rodeia, e porque é que duvidar da ciência, nos leva a uma incompreensão do que são na realidade factos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

MITOS ACERCA DA DOMINÂNCIA E COMPORTAMENTO DE LOBOS RELACIONADO COM CÃES - AVSAB

Texto retirado e traduzido do seguinte documento da AVSAB - American Veterinary Society of Animal Behaviour

O meu cão salta para cima de mim, rouba comida quando não estou a ver, tenta subir para o meu colo o tempo todo, pede festas e na maioria das vezes ignora-me quando o chamo. São estes sinais de dominância por parte dele?

Não. Nos sistemas sociais animais, dominância +e definida como o relacionamento entre dois ou mais indivíduos, estabelecido através da força, agressão e submissão de forma a obter-se prioridade aos recursos (Berstein 1981, Drews, 1993). A maioria dos problemas comportamentais descritos acima ocorrem não do desejo de obter um ranking mais alto, mas simplesmente porque são comportamentos que foram reforçados no passado. Por exemplo, os cães saltam para cima das pessoas e sobem para os colos porque quando o fazem, eles ganham a atenção dos donos. Da mesma forma, um cão não vem quando é chamado se está a ser reforçado pelos objectos ou actividades que os distraem ou se foi criada uma associação negativa à chamada através do castigo. Até roubar comida quando não estamos a ver, não é um display de dominância. Na vida selvagem, animais de ranking baixo roubam comida quando os animais de ranking superior não estão a guardar esses recursos. Esta é uma estratégia alternativa para over os recursos que eles querem. Aqueles que são recompensados com o sucesso, terão mais chances de repetir a “façanha”.

Porque os cães estão relacionados com os lobos, devemos usar o modelo social dos lobos para compreender os cães.

Enquanto que podemos tirar ideias dos tipos de comportamento que podemos estudar nos cães baseandomo-nos no que sabemos acerca dos lobos, o melhor modelo para compreender cães domésticos é mesmo o modelo dos cães domésticos. Os cães divergiram significativamente dos lobos nos últimos 15,000 anos. Os lobos, desenvolveram-se como caçadores e geralmente vivem em grupos consistindo maioritariamente de membros da sua família (Mech, 2000). Os membros desse pack cooperam na caça, em tomar conta das ninhadas. Num dado ano, heralmente apenas o macho a fêmea dominantes acasalam, de forma a que os recursos do pack inteiro possam-se focar nos mais novos. Os cães, por outro lado, desenvolveram-se como animais que comem restos na vez de caçadores (Coppinger e Coppinger 2002). Estes que eram os menos medrosos, sobreviveram dos restos e lixeiras dos humanos e reproduziram-se nesse ambiente. Actualmente, cães que vivem á solta (selvagens) vivem em grupos pequenos na vez de packs de cães coesivos, e nalguns casos passam a maior parte do tempo sózinhos (MacDonald e Carr 1995). Eles usualmente não cooperam para caçar ou para criar e virtualmente todos os machos e fêmeas têm a oportunidade de acasalar (Boitani et al 1995). Diferenças tão notáveis como estas nos sistemas socias, levam inevitavelmente a diferenças notáveis no comportamento.

Ouvi dizer que se eu achar que o meu cão é dominante, deverei rolá-lo no chão de costas num “alpha roll” e rosnar no focinho dele porque é isso que um lobo alpha faria.

Num pack de lobos, os alphas nunca rolam de costas os lobos de ranking mais baixo. Na vez disso, são os lobos de ranking mais baixo que mostram a sua submissão deliberadamente rolando-se de costas para o lobo dominante. Este movimento submisso é sinal de deferência, semelhante quando nós cumprimentamos a raínha ou o papa e nos ajoelhamos. Consequentemente o termo mais apropriado para essa postura seria na vez de “alpha roll”, “submissive roll” (Yin 2009).

Mesmo que os lobos não rolem os membros submissos de costas parece que resulta em alguns casos. Será que deverei tentar na mesma essa técnica com o meu cão agressivo?

A causa mais comum para agressão é o medo. Forçar um cão a rolar-se de costas no chão quando ele já está assustado não irá resolver o cerne do problema. Pior que isso, pode aumentar a agressão (AVSAB, 2007). Na realidade, um estudo recente feito em cães (Herron at al 2008) mostra que técnicas confrontacionais tais como bater, pontapetear o cão quando este demonstra comportamentos agresssivos, rosnar no focinho do cão, executar “alpha rolls”, olhar para o cão de cima para baixo e forçar uma “submissão” frequentemente desencadeiam respostas agressivas no cão. Esta agressão pode também ser direccionada a objectos inanimados, outros animais ou outras pessoas para além do dono. Mesmo castigos não físicos, como reprimendas verbais demasiado severas, ou abanar um dedo em frente a um cão, podem desencadear agressão defensiva se o cão se sentir ameaçado.

Ouvi dizer que para ser o líder, tenho que passar pelas portas primeiro e caminhar á frente do meu cão, como os lobos fazem.

Num pack de lobos, o lobo alpha apenas lidera a caça uma fracção do tempo (Peterson et al 2002). Para além disso quando estão a caçar, eles não mantém uma formação linear baseada no seu ranking.
Uma vez que o alpha come primeiro, deverei eu comer antes do meu cão?
Lobos alpha não têm necessariamente acesso prioritário á comida. Uma vez que o lobo tem acesso a comida pode não cedê-la a outro lobo independentemente do ranking do mesmo. Quando a comida ainda não está na posse de nenhum lobo, agressão ritualizada poderá ocorrer (rosnar, mostrar os dentes) sendo que lobos de ranking mais alto usualmente ganham. Mas claro isto são lobos em caça com comida em escassez e não cães e pessoas onde abunda a comida e não existe o factor caça.

Dar guloseimas aos cães pode torná-los dominantes.

Mesmo entre animais selvagens a partilha de comida não está relacionada com hierarquias. Lobos adultos frequentemente regurgitam comida para os mais novos. Machos de outros espécies frequementemente trazem comida às fêmeas como parte da “sedução”. Dar uma guloseima ao seu cão quando ele salta ou ladra leva ao fortalecimento desses comportamentos. Mas não lhe diz que ele está num ranking acima ou que tem prioridade a recursos.

Rosnar a um cão, mordê-lo ou fazer um gesto com a mão que finge ser uma garra imita o que os lobos fazem aos subordinados?

Não existem estudos nenhuns que provem isto. No entanto, como experiência pode perguntar a alguém que já tenha sido mordido por um cão se o facto de você lhe tocar com a mão em forma de garra tem um efeito semelhante ao mesmo quando ele foi mordido, ou se o seu rosnar ou morder é tão feroz como o de um cão. Em geral, nunca devemos assumir que as nossas acções mimicam as dos cães ou dos lobos. Na vez disso, deveremos avaliar as nossas interacções com os cães, observar as suas respostas e tentar entender como eles as percebem.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Case Study - Faro - Resolva o problema do seu cão gratuitamente!

A Escola It's All About Dogs pretende fazer um estudo acompanhado no seu fórum de um problema comportamental.

Se tem ou conhece alguém que tenha um cão com problemas de agressão ou medo e que more aqui perto de Faro, contacte-nos e exponha-nos o seu caso e se fôr o escolhido resolvemos a situação sem custos*

Dentro dos disponíveis iremos escolher um caso que se adeque e que será acompanhado e relatado no fórum na totalidade. O objectivo é a divulgação dos métodos de treino positivos em Portugal e da possibilidade e sucesso em resolver problemas comportamentais de forma positiva.

As normas requerem:

- Cão ou cadela e de qualquer raça.

- Agressão direccionada a pessoas ou a outros cães

- Medo de sons, objectos ou pessoas

- Outro problema comportamental explícito

- Morar perto de Faro

- Toda a gente que contacta com o cão terá que seguir à risca todas as indicações dadas pela Escola, caso o seu cão seja o escolhido e tem que estar disposta a encontrar-se com o treinador várias vezes.

- A família do cão escolhido aceitará fazer relatórios e vídeos documentados que serão exibidos aqui no fórum e que estarão para discussão por outros membros.


*Poderão ser cobrados custos de deslocação dependendo da distância.

Cpts

Cláudia Estanislau

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Ian Dunbar, 15 mnts acerca de treino positivo




Ian Dunbar é veterinários, comportamentalista animal e escritor. O Dr. Dunbar recebeu um diploma com honras especiais em Fisiologia e Bioquímica do Colégio Real Veterinário da Universidade de Londres e um doutoramento em comportamento animal do Departamento de Psicologia da Universidade de Califórnia em Berkeley, onde passou 10 anos a fazer pesquisa acerca da comunicação olfactória, do desenvolvimento social hierárquico e da agressão em cães domésticos.

O Dr. Dunbar é um membro da Sociedade Internacional de Etologia Aplicada há mais de 35 anos. Ele esteve na fundação da Sociedade Americana de Veterinária de Comportamental Animal.


Cesar Millan - Toda a verdade


A National Geographic submeteu ao Dr. Andrew 4 cassetes do programa "O encantador de cães" antes deste ir para o ar, para que fosse analisado e eles tivessem uma opinião acerca do mesmo. Está aqui a carta escrita pelo conceituado veterinário à National Geographic que como todos sabemos foi ignorada. O texto foi retirado na íntegra daqui!

Por Andrew Luescher, DVM, Veterinário especialista em Comportamento Canino
Clínica de Comportamento Animal
Universidade de Purdue


Eu revi as 4 cassetes enviadas para mim pela National Geographic. Agradeço a oportunidade de poder visioná-las antes do programa ser transmitido na televisão. Eu terei muito prazer em rever quaisquer programas que lidem com comportamento de animais domésticos e acredito que esta é uma das responsabilidades da nossa profissão.

Eu estou envolvido na formação contínua de treinadores de cães nos últimos 10 anos, primeiramente através do programa universitário “Como os cães aprendem” na Universidade de Guelph (Colégio Veterinário de Ontário) e posteriormente através do curso DOGS! na Universidade de Purdue. Como tal, estou bem ciente onde se situa o treino canino hoje em dia, e devo dizer que as técnicas usadas por Millan são ultrapassadas e inaceitáveis não só para a comunidade veterinária, mas também para muitos treinadores de cães. A primeira questão no que toca às cassetes enviadas que eu coloco é: O programa repetidamente avisa as pessoas para não tentarem aquelas técnicas em casa. Então qual é o porpósito deste show? Penso que temos que ser realistas: as pessoas vão tentar estas técnicas em casa, infelizmente para detrimento do seus animais.

As técnicas de Millan são quase exclusivamente baseadas em duas técnicas apenas. “Flooding” e castigo positivo. No “flooding” o animal é exposto ao estímuloa que lhe causam medo (ou agressão) e impedido de evitar e sair da situação, até que pare de ter uma reacção. Para usar um exemplo humano: aracnofobia, sera tratada, fechando um indivíduo num armário, libertando centenas de aranhas lá dentro e mantendo a porta fechada até que a pessoa parasse de reagir. A pessoa talvez se curasse com tal método, mas poderá também ficar severamente perturbada e terá sofrido uma grande quantidade de stress. “Flooding” tem, como tal, desde sempre sido considerado um método de tratamento cruel e que incorre muitos riscos.

Castigo positivo refere-se à aplicação de um estímulo aversivo ou correcção como consequência de um comportamento. Existem muitas preocupações acerca do uso do castigo, que vão para além do próprio desconforto do mesmo.

Castigos são extremamente inapropriados para o tratamento da maioria de agressões e para o tratamento de qualquer comportamento que involva ansiedade. O castigo pode suprimir a maioria do comportamento, mas não resolve o problema que o originou, isto é, o medo ou a ansiedade. Mesmo em casos onde a aplicação do castigo é correcta, esta pode ser considerada inapropriada, muitas são as condições que têm que ser reunidas para que isto aconteceça, e que a maioria dos donos de cães não conseguem fazer. O castigo deverá ser aplicado cada vez que o comportamento é demonstrado, dentro de meio segundo do comportamento ser demonstrado e à intensidade correcta.
A maioria das explicações teóricas que Millan fornece como causas para os problemas comportamentais estão erradas. Nem um único destes cães tem um problema de dominância. Nem um só destes cães queria controlar a família. A única coisa na qual ele tem razão é que calma e consistência são extremamente importantes, mas estes factores não justificam os métodos presentemente usados por ele como apropriados ou justificáveis.


O último episódio (problema obsessivo compulsivo) é particularmente preocupante, porque este problema está directamente relacionado com um desiquilíbrio nos níveis e receptores neurotransmissores e é como tal uma condição médica. Seria apropriado tratar uma pessoa com um problema de obsessão-compulsiva através de castigos? Ou ter um leigo a tratar tais casos?

Eu e os meus colegas e um sem número de líderes na comunidade de treino canino temos trabalhado durante anos para eliminar precisamente tal crueldade, ineficácia (em termos de cura) e técnicas inapropriadas como as apresentadas neste programa.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tempos de mudança no treino de cães de assistência por Debi Davis

A internet abre o caminho
Como treinadora de cães de assistência, eu observei que a maioria das listas de discussão de treino de cães de assistência têm uma grande difusão e que mera menção de treino com condicionamento na vez de castigo põe a “casa em chamas”.
Foi apenas á uns anos atrás que apenas alguns de nós conheciam formas eficazes de treinar sem castigo. Quando eu primeiro comecei a discutir o treino de cães de assistência com outros pela Internet, o maior contributo vinha directamente de treinadores tradicionais e de programas de treino aversivos. Existiam discussões intensas e muito detalhadas de como melhor aplicar um beliscão na orelha ou nas patas e a suspeita da eficácia do treino operante era grande. O argumento mais usado e mais ouvido era “os métodos de treino positivos/humanos, podem resultar para cães de estimação mas para aqueles em competição ou em trabalho, não resulta”.
Demonstrações convincentes reduzem a oposição
Agora já passaram uns anos desde essa época e é impressionante ver como as coisas mudaram. Cada vez mais treinadores abandonaram o treino com punição e saltaram para a carroça do treino positivo, onde estão a elaborar programas muito diferentes dos antigos, para os cães de competição, assistência e trabalho.
Não temos que ser B.F.Skinner, a Karen Pryor, os Baileys ou o Dr. Ian Dunbar para fazer um grande impacto, e ajudar a forjar o caminho para que outros comuniquem com os seus cães sem uso de força ou coerção. Cada umd e nós, na nossa esfera, está a moldar os métodos de treino caninos de amanhã.

Numa recente reunião de treinadores de cães de assistência, Laurisa Osheski (protegida de Sue Ailsby’s) agarrou o “touro pelos cornos” e entrou num debate directo com um outro treinador de cães para cegos que insistia que não existia forma de treinar um cão a evitar objectos sem o uso de aversivos. Laurissa pegou num cão, clicou e em frente a toda a gente e do outro treinador, mostrou como era rápido, eficaz e sólido o ensino desse comportamento em particular.
Ela fez a mesma coisa e treinou outro cão com o clicker a fazer um “retrieve” em frente a todo o grupo que acreditava que um bom “retrieve” nunca poderia ser de confiança se não fosse treinado com aversivos. A Larissa mostrou-lhes na hora e essas demonstrações preciosas valeram milhares de palavras e argumentos. É muito difícil discutir e ripostar resultados visíveis!
Uma onda de mudança
Aos poucos e poucos, andamos para a frente. Mas ao olhar para trás, é absolutamente incrível ver a onda de mudança. Nunca vi nada igual no treino animal. A proliferação de livros e videos disponíveis é inacreditável. Eu lembro-me apenas há uns anos atrás quando Koehler era o líder da literatura canina. A maré está a mudar e é graças ao esforço de todos nós que juntos trabalhamos, partilhamos e discutimos novas formas de resolver problemas.
Apesar de ser difícil remar contra a maré quando dentro da nossa comunidade, podemos ser dos poucos treinadores que se baseiam em métodos realmente positivos, mas também são tempos excitante e maravilhosos, na história do treino canino e na forma como espalhamos a mensagem a todos como podem melhor comunicar e se relacionar com os seus cães.

Cães de Clicker na cena nacional
Este inverno passei uma semana atribulada em Cincinnati, ao participar na Conferência para Animais de Terapia e Assistência da Sociedade Delta onde o meu assitente de mobilidade o Papillon Peek ganho o prémio de Cão de Serviço Nacional do Ano. Outro prémio para melhor Assistência Canina foi dado também a outro cão treinador com clicker, pertencente à Pet Partner e treinador pelo instrutor Teotie Pullie. Isto para mim é incrível, ver cães treinados com clicker, a ganharem prémios tão importantes e terem tanto reconhecimento por colegas na profissão a nível nacional.

Alguns cães presentes ainda eram controlados com coleiras de bicos e estranguladoras. Os treinadores eram forçados a darem correcções quase constantes aos cães. Enquanto isso, os treinadores positivos viam os seus cães a fazer algo bem e reforçavam esse comportamento. Era também interessante ver muitos mais cães do que em conferências anteriores a trabalharem agora em público, apesar de um ambiente altamente stressante e rico em cães, pessoas, barulhos, comida e stress. A maioria dos treinadores estavam a controlar os seus cães com uma dicas verbais ditas de forma calma, por vezes reforçando com um abraço ou uma festa, e outras vezes reforçado com um pedaço de comida ou a oportunidade de interagir com um outro cão.
O pico da perfeição
O meu assistente, o Peek, estava entre esses cães que agora estavam a ser reforçados verbalmente e com a ocasional guloseima em ambiente de muito stress. Eu estava simplesmente maravilhada o quanto este cão tinha evoluido. Desde o cão de canil que nunca tinha tido a oportunidade de conviver com outros cães, excepto através de uma grade, ele agora passa por outros cães sem mostrar comportamentos estranhos ou apaziguadores. Muitas vezes durante a conferência eu pensei muitas vezes no poder do condicionamento e daquele objecto pequenino que marca os comportamentos. Poderia ser que este cão pequenino, feliz e bem-disposto era o mesmo que ladrava freneticamente, mordia e rosnava a cada cão que pasasse à sua frente?
E podia ser que este cão que não conseguia focar a sua atenção em mim por mais de 30 segundos, fosse o mesmo que conseguia agora estar horas deitado ao meu lado a dormir enquanto outros cães passavam constantemente por ele?

Reforçando “Não-comportamentos”
Uma coisa que se tornou saliente para mim foi a importância de reforçar aquilo que muitoa consideram ser “não-comportamentos”. Por exemplo, cães que estavam deitados no chão ou sentados calmamente ao lado dos seus donos. Eu vi tantos treinadores a reforçarem estes comportamentos, e era evidente que os cães entendiam que isso signficava continuar a fazer isso, nada! Era exactamente isso que lhes era pedido. Eu vi pessoas a olharem para os seus cães de lado e a cada 30 segundos reforçar o comportamento desejado com um “muito bem” ou uma festa , apenas porque os cães estavam quietos no meio de tanta confusão. Isto era fantástico!
Tristemente também vi alguns treinadores aversivos e coercivos, completamente ignorando os seus cães até que ele se mexesse e eles então davam uma correcção com a estranguladora, que muitas vezes servia apenas para stressar mais o cão. É tão fácil para os cães interpretarem erradamente o intuito do castigo, e associar a dor que recebem ao objecto que o dá. Por exemplo, o treinador entrega uma correcção quando o cão começa a focar-se anseosamente noutro cão. O cão já está com o stress nos pincaros com a adrenalina ao máximo e a entrega da punição só lhe dá a informação de que o outro cão é realmente um motivo para que ele se sinta ansioso.

Mas nesta gloriosa conferência, vi muitas mais pessoas a serem proáctivas e a reforçarem comportamentos desejados. Não há dúvida nenhuma que a revolução do treino canino humano, da comunicação sem dor, tomou um lugar de destaque na comunidade de treino canino. Fiquei maravilhada com a quantidade de treinadores que estão envolvidos no treino de cães de assistência e trabalho usam o clicker. Voltei da conferência cheia de entusiasmo pelo que estamos a fazer e do poder do treino de clicker.



Debi Davis é uma treinador de cães de assistência de Tucson Arizona, que ensina aos seus clientes que detêm uma variedade de deficiências como treinar os seus cães usando condicionamento operante. Em 1999 o seu próprio cão de assistência Peek o Papillon, ganhou o Prémio da Sociedade Delta de Melhor Cães de Assistência Nacional do Ano.