segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tempos de mudança no treino de cães de assistência por Debi Davis

A internet abre o caminho
Como treinadora de cães de assistência, eu observei que a maioria das listas de discussão de treino de cães de assistência têm uma grande difusão e que mera menção de treino com condicionamento na vez de castigo põe a “casa em chamas”.
Foi apenas á uns anos atrás que apenas alguns de nós conheciam formas eficazes de treinar sem castigo. Quando eu primeiro comecei a discutir o treino de cães de assistência com outros pela Internet, o maior contributo vinha directamente de treinadores tradicionais e de programas de treino aversivos. Existiam discussões intensas e muito detalhadas de como melhor aplicar um beliscão na orelha ou nas patas e a suspeita da eficácia do treino operante era grande. O argumento mais usado e mais ouvido era “os métodos de treino positivos/humanos, podem resultar para cães de estimação mas para aqueles em competição ou em trabalho, não resulta”.
Demonstrações convincentes reduzem a oposição
Agora já passaram uns anos desde essa época e é impressionante ver como as coisas mudaram. Cada vez mais treinadores abandonaram o treino com punição e saltaram para a carroça do treino positivo, onde estão a elaborar programas muito diferentes dos antigos, para os cães de competição, assistência e trabalho.
Não temos que ser B.F.Skinner, a Karen Pryor, os Baileys ou o Dr. Ian Dunbar para fazer um grande impacto, e ajudar a forjar o caminho para que outros comuniquem com os seus cães sem uso de força ou coerção. Cada umd e nós, na nossa esfera, está a moldar os métodos de treino caninos de amanhã.

Numa recente reunião de treinadores de cães de assistência, Laurisa Osheski (protegida de Sue Ailsby’s) agarrou o “touro pelos cornos” e entrou num debate directo com um outro treinador de cães para cegos que insistia que não existia forma de treinar um cão a evitar objectos sem o uso de aversivos. Laurissa pegou num cão, clicou e em frente a toda a gente e do outro treinador, mostrou como era rápido, eficaz e sólido o ensino desse comportamento em particular.
Ela fez a mesma coisa e treinou outro cão com o clicker a fazer um “retrieve” em frente a todo o grupo que acreditava que um bom “retrieve” nunca poderia ser de confiança se não fosse treinado com aversivos. A Larissa mostrou-lhes na hora e essas demonstrações preciosas valeram milhares de palavras e argumentos. É muito difícil discutir e ripostar resultados visíveis!
Uma onda de mudança
Aos poucos e poucos, andamos para a frente. Mas ao olhar para trás, é absolutamente incrível ver a onda de mudança. Nunca vi nada igual no treino animal. A proliferação de livros e videos disponíveis é inacreditável. Eu lembro-me apenas há uns anos atrás quando Koehler era o líder da literatura canina. A maré está a mudar e é graças ao esforço de todos nós que juntos trabalhamos, partilhamos e discutimos novas formas de resolver problemas.
Apesar de ser difícil remar contra a maré quando dentro da nossa comunidade, podemos ser dos poucos treinadores que se baseiam em métodos realmente positivos, mas também são tempos excitante e maravilhosos, na história do treino canino e na forma como espalhamos a mensagem a todos como podem melhor comunicar e se relacionar com os seus cães.

Cães de Clicker na cena nacional
Este inverno passei uma semana atribulada em Cincinnati, ao participar na Conferência para Animais de Terapia e Assistência da Sociedade Delta onde o meu assitente de mobilidade o Papillon Peek ganho o prémio de Cão de Serviço Nacional do Ano. Outro prémio para melhor Assistência Canina foi dado também a outro cão treinador com clicker, pertencente à Pet Partner e treinador pelo instrutor Teotie Pullie. Isto para mim é incrível, ver cães treinados com clicker, a ganharem prémios tão importantes e terem tanto reconhecimento por colegas na profissão a nível nacional.

Alguns cães presentes ainda eram controlados com coleiras de bicos e estranguladoras. Os treinadores eram forçados a darem correcções quase constantes aos cães. Enquanto isso, os treinadores positivos viam os seus cães a fazer algo bem e reforçavam esse comportamento. Era também interessante ver muitos mais cães do que em conferências anteriores a trabalharem agora em público, apesar de um ambiente altamente stressante e rico em cães, pessoas, barulhos, comida e stress. A maioria dos treinadores estavam a controlar os seus cães com uma dicas verbais ditas de forma calma, por vezes reforçando com um abraço ou uma festa, e outras vezes reforçado com um pedaço de comida ou a oportunidade de interagir com um outro cão.
O pico da perfeição
O meu assistente, o Peek, estava entre esses cães que agora estavam a ser reforçados verbalmente e com a ocasional guloseima em ambiente de muito stress. Eu estava simplesmente maravilhada o quanto este cão tinha evoluido. Desde o cão de canil que nunca tinha tido a oportunidade de conviver com outros cães, excepto através de uma grade, ele agora passa por outros cães sem mostrar comportamentos estranhos ou apaziguadores. Muitas vezes durante a conferência eu pensei muitas vezes no poder do condicionamento e daquele objecto pequenino que marca os comportamentos. Poderia ser que este cão pequenino, feliz e bem-disposto era o mesmo que ladrava freneticamente, mordia e rosnava a cada cão que pasasse à sua frente?
E podia ser que este cão que não conseguia focar a sua atenção em mim por mais de 30 segundos, fosse o mesmo que conseguia agora estar horas deitado ao meu lado a dormir enquanto outros cães passavam constantemente por ele?

Reforçando “Não-comportamentos”
Uma coisa que se tornou saliente para mim foi a importância de reforçar aquilo que muitoa consideram ser “não-comportamentos”. Por exemplo, cães que estavam deitados no chão ou sentados calmamente ao lado dos seus donos. Eu vi tantos treinadores a reforçarem estes comportamentos, e era evidente que os cães entendiam que isso signficava continuar a fazer isso, nada! Era exactamente isso que lhes era pedido. Eu vi pessoas a olharem para os seus cães de lado e a cada 30 segundos reforçar o comportamento desejado com um “muito bem” ou uma festa , apenas porque os cães estavam quietos no meio de tanta confusão. Isto era fantástico!
Tristemente também vi alguns treinadores aversivos e coercivos, completamente ignorando os seus cães até que ele se mexesse e eles então davam uma correcção com a estranguladora, que muitas vezes servia apenas para stressar mais o cão. É tão fácil para os cães interpretarem erradamente o intuito do castigo, e associar a dor que recebem ao objecto que o dá. Por exemplo, o treinador entrega uma correcção quando o cão começa a focar-se anseosamente noutro cão. O cão já está com o stress nos pincaros com a adrenalina ao máximo e a entrega da punição só lhe dá a informação de que o outro cão é realmente um motivo para que ele se sinta ansioso.

Mas nesta gloriosa conferência, vi muitas mais pessoas a serem proáctivas e a reforçarem comportamentos desejados. Não há dúvida nenhuma que a revolução do treino canino humano, da comunicação sem dor, tomou um lugar de destaque na comunidade de treino canino. Fiquei maravilhada com a quantidade de treinadores que estão envolvidos no treino de cães de assistência e trabalho usam o clicker. Voltei da conferência cheia de entusiasmo pelo que estamos a fazer e do poder do treino de clicker.



Debi Davis é uma treinador de cães de assistência de Tucson Arizona, que ensina aos seus clientes que detêm uma variedade de deficiências como treinar os seus cães usando condicionamento operante. Em 1999 o seu próprio cão de assistência Peek o Papillon, ganhou o Prémio da Sociedade Delta de Melhor Cães de Assistência Nacional do Ano.

Sem comentários: