domingo, 22 de junho de 2014

IPDTA - a minha certificação na Associação

Esta nota serve de clarificação acerca da minha situação com a IPDTA - International Positive Dog Traning Association.

Eu entrei em contacto e tornei-me membra da IPDTA a 06 de Janeiro de 2006. A IPDTA apresentava-se como uma associação de treinadores positivos, na altura e que dava as boas vindas a membros de todo o mundo. Na altura existiam poucas do género e como tal associei-me à mesma para poder ter acesso ao fórum e trocar ideias com membros da mesma. Para ser membro tive que pagar uma quota anual, nada mais.

A IPDTA era uma associação relativamente recente sendo a presidente da mesma Norma Jeanne Laurette.

Em 31 de Janeiro recebo um mail da Jeanne presidente, a perguntar se alguém estaria interessado em tornar-se membro representante da sua região ou país. Na altura respondi, aceitando, embora toda a documentação me fosse dada em inglês e eu ter explicado que isso iria dificultar angariar mais sócios, pois a barreira linguística seria um impedimento. Mesmo assim em Fevereiro de 2006, Jeanne aceitou-me como representante portuguesa da IPDTA.

Dentro dos possíveis fui membro participante da IPDTA, respondendo a variados mails, nomeadamente, acerca da mudança de nome (que não foi para a frente) e com o nome da Newsletter que iria ser publicada, este tema por exemplo foi já em Novembro de 2007. Também opinava sobre outros temas relativos à associação sempre que a Jeanne mo pedia. Caso contrário mantive-me relativamente ausente do fórum e das discussões públicas no mesmo.

O motivo pelo qual eu não participava muito nos fóruns da associação foi porque entendi que existiam muitos membros que ainda usavam métodos aversivos e que as discussões pareciam ser intensas e complicadas. Como a associação era relativamente recente, eu deixei que as coisas se fossem alinhando sempre esperando que o Código de Conduta da IPDTA fosse seguido e que membros que usassem métodos aversivos fossem retirados ou expulsos da associação para bem daqueles que, como eu, se tinham juntado à associação puramente para poder contribuir de forma activa para o desenvolvimento e informação acerca do treino positivo.

Em 07 de Janeiro de 2010 recebo um mail da Presidente dirigido a todos os membros que dizia e passo a citar:

"It has come to my attention that some of our members may still be using alpha rollovers.  If you wish to continue this practice I ask you to not renew your membership.  If you wish to be a positive trainer but are not sure how to replace old techniques with new ones, we are more than happy to help you.  Our Code of Conduct is included below.  Only those willing to live up to this code should renew their memberships.  Thank you for your time and patience."

Eu fiquei um pouco desapontada com esta atitude, pois, no meu entender, se eles sabiam da existência de membros que faziam manobras como Alpha Rollovers que são extremamente detrimentais, e vão contra o método de treino positivo e como tal contra o Código de Conduta da Associação, eles deveriam expulsar os membros. No entanto, este mail reforçava e pedia apenas para que quem o fizesse não renovasse com eles. Eu comecei a aperceber-me que realmente eles começavam a não conseguir controlar o que os membros faziam e se de alguma forma seguiam o Código que tinham imposto.
O meu próprio caso sendo prova disso, visto que eu era treinadora positiva, mas tornei-me membro simplesmente pagando a quota e tornei-me representante de Portugal sem nunca me ser questionado a forma como treinava os cães.

17 de Fevereiro de 2010 recebo mais um mail genérico da Presidente Norma Jeanne dizendo que estava a preparar uma certificação para os treinadores, que incluiria um teste teórico e testes práticos que seriam enviados por mail e vídeo. Estes testes serviriam para que os treinadores pudessem usar a sigla IPDTA-CDT ( IPDTA - Certified Dog Trainer) e ela avisou que apenas membros que treinassem em positivo e seguissem o Código de Conduta poderiam obter e manter o certificado.

Eu vi nessa atitude, uma tentativa de melhorar a qualidade dos membros e de os impulsionar a manterem-se positivos e fieis ao Código de Conduta da Associação e como tal pedi para obter a certificação que tive que pagar para fazer.

No dia 02 de Novembro de 2010 deram-me a password para fazer o teste online. A dia 04 de Novembro, foi-me dito que tinha obtido nota para passar aos testes práticos que inicialmente seriam 5 videos de 2 mnts com exercícios variados.

Dia 26 de Janeiro de 2011 enviei o primeiro vídeo com o teste, e perguntei à Jeanne se teria que mandá-los todos juntos ou poderia ir mandando à medida que os fazia. Ela aceitou o video e disse para eu continuar a enviar os outros. No dia 28 de Janeiro recebi um mail da Jeanne a confirmar que eu era agora e passo a citar: "...IPDTA Certified Dog Trainer giving you the privilege of using the designation Claudia Estanislau, IPDTA-CDT.". Quando perguntei se ela não queria que eu enviasse os restantes videos ela respondeu não ser necessário e enviou-me o certificado que demonstro abaixo.

A 29 de Março de 2011 a Jeanne volta a enviar um mail genérico dizendo que ia tomar uma atitude mais radical de "limpar a casa" porque existiam membros que continuavam a quebrar o código de conduta e a treinar com métodos aversivos. Ela afirmava que alguns membros estavam a desistir da associação por causa desta premissa de serem firmes na não aceitação de métodos aversivos e que ela não se iria deixar abalar por isso. Eu enviei um mail de apoio, dizendo que o caminho certo era exactamente o de apoiar os treinadores verdadeiramente positivos e não "embalar" os aversivos. O meu mail foi de apoio e recebido com gratidão por parte da Jeanne.

02 de Junho de 2011 recebo um mail da Jeanne dizendo que iria descontinuar a certificação para treinadores, que aqueles que a tinham obtido a iriam manter, mas que mais ninguém poderia fazê-lo. No website e na lista de treinadores certificados pela IPDTA ficamos eu e mais duas pessoas, uma do Canadá e outra dos EUA.

No dia 09 de Julho de 2011 recebo um mail da Jeanne com o título Spray Collars (Coleiras de Esguicho - ou também conhecidas por Coleiras de Citronella). No assunto dizia que até à data este instrumento não tinha sido aceite pela associação por ser aversivo, mas que após cuidada consideração que a IPDTA iria aceitar o seu uso desde que fosse de acordo com o temperamento do cão.

A esse mail eu respondi directamente à Jean no próprio dia, dizendo que discordava e que não entendia porquê que a associação estava a regredir.

A resposta da Jean foi que lamentava que eu discordasse com a decisão dela mas para eu fazer o que achasse melhor (insinuando que saísse da associação de achasse errado). Ainda no mesmo dia, enviei um mail então dizendo que iria sair da associação (apesar de ser treinadora certificada pela mesma, representante portuguesa e membro activo) e expliquei o porquê (o argumento usado pela Jean seria que a intenção da pessoa que a usava não era que fosse aversivo) explicando que o que definia aversivo não podia ser determinado pelas intenções do que os usavam nos cães, mas pelo que faziam ao comportamento do mesmo, e pelo próprio cão (o receptor do aversivo). Ela a esse mail e ainda no mesmo dia, pediu-me para não sair ainda da IPDTA porque estava a receber feedback de outros membros e provavelmente iria colocar o assunto a debate e votação no fórum.

Nessa altura decidi entrar no fórum, apesar de estar insatisfeita com a questão da votação (?), tentei explicar no fórum o porquê desta acção ser contra os princípios de uma Associação que queria promover o treino Positivo. O debate não levou a lado nenhum, porque os membros que defendiam o uso da coleira de citronella não se estavam a basear em princípios sólidos e científicos para a discussão mas apenas nas suas intenções e experiências anedóticas de que "não fazia mal aos cães".

Eu retirei-me então da discussão e escrevi um mail à Jeanne lamentando toda a situação mas dizendo que a IPDTA estava a reverter os seus princípios e estava a trair os membros que como eu, tinham se juntado à mesma precisamente por causa de ser uma associação positiva. Ela respondeu agradecendo a minha honestidade e desejando felicidades. Este ultimo mail foi trocado dia 10 de Julho de 2011.

No dia 15 de Julho de 2011 enviei um mail à Jean a pedir que me retirasse das listas e do website da IPDTA, ao qual não obtive resposta.

No dia 18 de Julho de 2011 a Jeanne respondeu que pensou melhor e tinha decidido votar contra a aceitação das coleiras de citronella e perguntava se eu queria saber o que ia acontecer. Eu respondi que não estava interessada, mas agradeci. 

Não houve mais contacto, até ao dia 27 de Outubro de 2013 em que recebo um mail da Jeanne a dizer o seguinte e passo a citar:

"If you’re receiving this email you are an IPDTA certified trainer.
This is to let you know that only IPDTA Certified Trainers are IPDTA members.  So IPDTA membership is a small elite group.  I'm not going to be doing anything special, just letting you know that you are one of the few approved members. "
Eu não respondi, e estranhei receber tal e-mail. 

No dia 11 de Janeiro de 2014 recebo outros dois e-mails, um mais uma vez dizendo que era membro certificada e outro da Jeanne a dar-me os parabéns pelo website. Mais uma vez não respondi.

No dia 14 de Março de 2014 a Jeanne envia-me um mail dizendo que tinha recebido uma queixa anónima de que eu andei a "dizer mal" da Associação. O que aconteceu foi que eu tenho o meu próprio curso para treinadores da IAAD, dentro do qual eu expressei em poucas linhas a minha opinião acerca da IPDTA (noto que é um grupo fechado apenas para os alunos do meu curso).

Esse mail foi enviado para a Jeanne que a partir daí, pediu-me para retirar a IPDTA do meu cv por não ser certificada.

Eu retirei a certificação do meu website www.itsallaboutdogs.org porque na verdade não queria perder mais tempo, com algo tão insignificante. A IPDTA recentemente, colocou o meu nome como sendo alguém que alega falsamente ter a certificação deles.

Como tal decidi tirar tempo para escrever esta nota e clarificar que eu TENHO a certificação, que esta me foi dada, que não sou membro da associação por escolha e por considerar que a não representa a minha forma de trabalhar com cães. Ser membro e ter a certificação são duas coisas distintas. Eu sou certificada por eles (apesar de não dar valor à mesma) mas não sou nem pretendo ser membro desta associação. 

Eu Claudia Pereira Estanislau, não aconselho nenhuma pessoa a levar uma certificação desta associação como forma de dar credibilidade ao treino de nenhuma pessoa. Por experiência própria a IPDTA agiu sempre no interesse único de manter uma fachada de membros que pagassem quotas.

Irei traduzir este mail para inglês para que os colegas que na altura comigo sairam da associação pelos mesmos motivos, se possam expressar.

Obrigada aos que se deram ao trabalho de ler o que acabei de relatar, mas a verdade tem sempre que prevalecer, especialmente quando esta influencia quem treina cães e como estes são treinados.

Eu tenho todos os mails desde a inscrição em 2006 até ao dia de hoje guardados e o certificado está abaixo.



quarta-feira, 18 de junho de 2014

Qual é a forma "adequada" de punir um cão?

Qual é a forma "adequada" de punir  um cão?

escrito por Kelly Shutt Cottrell e traduzido por IAAD www.isallaboutdogs.org e
retirado do website http://www.yourpitbullandyou.com/what-is-the-proper-way-to-hurt-a-dog/#prettyPhoto

Eu costumava passar uma grande quantidade de tempo a debater a escolha de métodos de treino de cães, nas redes sociais. Eu era muito apaixonada.

Eu via as coleiras punitivas e as técnicas de treino como abusivas e anti- éticas. E nunca perdia uma oportunidade de “falar” pelos cães que eram sujeitos a estas práticas “confrontacionais”. Muitas vezes os meus discursos eram repletos de indignação, usando muitos termos técnicos e explicações cientificas.

Sobre o assunto de coleiras aversivas, existem vários slogans que são usados repetidamente pelos defensores de tais instrumentos que realmente me deixavam o sangue a ferver:

     “Quando usadas, correctamente, estas ferramentas não são abusivas.”
     “Deviamos perder mais tempo a ensinar as pessoas a usar estes instrumentos correctamente.”
     “Tudo depende do que funciona melhor para cada cão individualmente”
     "Não existem instrumentos intrinsecamente " maus "ou" bons " depende tudo da intenção de quem os usa. "

Frases chamativas, não são? Certamente.
Mas existe um problema:  elas ofuscam um facto muito importante:

Enforcadoras, coleiras de picos e de choques foram especificamente desenvolvidas para incutir dor e desconforto ao animal. Este é o princípio sobre o qual elas trabalham – na adição de desconforto o objectivo é o de de pararem com comportamento indesejado. Esta não é a minha opinião. Isto é simplesmente um facto. Não existe espaço para discordar ou debates. É a realidade. É a verdade.

Ainda assim, algumas pessoas querem debater isto. Ciência aparte, olhe para o objecto em si. Parece-lhe algo agradável ou inócuo?
Porque é que não conseguimos ser honestos connosco próprios? Isto magoa, ponto final.

Vamos parar de disfarçar o assunto com eufemismos como “ pressão gentil” e “auto-correcção”, ok? Se as vai usar, tudo bem. Enquanto eles forem legais, a escolha é sua, mas seja sincero. Explique como elas funcionam no mundo físico real. Divulgue os riscos que lhes estão associados.
O outro problema é uma questão de ética. Obviamente, que isso não está em debate. A minha ética é minha, e a sua é a sua. Mas para aqueles que continuam a defender tais instrumentos, eu tenho uma questão: Qual é a maneira “adequada” de infligir dor ao seu companheiro?

Faze-lo mais acima no pescoço? Só de vez em quando?  Dar um biscoito ao seu amigo entre esticões que impedem a sua respiração normal? Apenas magoar o seu amigo quando você está num ambiente com muitas “distrações” (mais conhecidos como motivadores de competição)?
Eu não consigo pensar num único cenário, fora do contexto de treino, no qual um ser humano decente iria conscientemente infligir dor no seu cão.

Então porque arranja-mos desculpas quando é “em nome do treino”? Abuso é abuso, certo?

Nos dias de hoje eu não perco tempo a debater estes tópicos.  Agora, coloco 90% da minha energia a tentar ser o melhor treinador que posso ser. Eu ensino 7 classes por semana e trabalho com muitos clientes privados. Eu mudei o meu focus para treinar cão após cão e a demonstrar o poder dos métodos baseados em recompensa através da minha competência

Mas ainda existem 10% de mim que pode ser aquele que discorda.Porque historicamente,têm sido os indivíduos apaixonados, que não medem as suas palavras quando estão a falar contra injustiças que criam as alterações sociais. E ainda há trabalho a ser feito.

www.itsallaboutdogs.org
www.facebook.com/itsallaboutdogs