sábado, 3 de janeiro de 2009

Extinção de um comportamento o que é?

Muitas pessoas me perguntam,” se usa métodos positivos e não castiga o seu cão como faz para parar um comportamento que não quer?”

A resposta é quase sempre a mesma.
Ignorar o comportamento indesejado.
A falta de reforço de um comportamento leva invariavelmente à extinção do mesmo.

Vamos dar um exemplo clássico do cachorrinho que chora quando fica sózinho. As consequências desse comportamento (chorar) é que vão ditar o que o cachorro vai fazer no futuro (repetir o comportamento ou não). Se os donos acorrerem ao choro do cachorro este aprende que quando chora os donos vêm. O choro do cachorro é reforçado positivamente, pela presença ou aparecimento dos donos, mesmo que momentâneamente. Se o cachorro chora porque não quer estar só, mesmo aquele dono que aparece para resmungar com o cachorro estará a reforçar esse comportamento, porque para o cachorro a única coisa que interessa é que ao chorar o isolamento termina, mesmo que seja para ver o dono zangado.
Isto repete-se durante umas semanas, até que os donos começam a entrar em desespero, o que fazer?
Ignorar o comportamento. Isto era o que deveria ter sido feito no início, como já existe o que chamamos de um historial de reforço (durante algum tempo o choro do cachorro foi reforçado pelos donos que vinham ao seu encontro) o que vai acontecer é uma extinção do comportamento.
Isto quer basicamente dizer que o cachorro vai chorar, chorar, chorar e chorar mais. Quando vir que ao contrário do que aconteceu até ali o choro dele não trás mais os donos até a si, o comportamento entra em extinção, quando isto acontecer ele vai oferecer comportamentos variados, vai chorar e talvez uivar, ou arranhar a porta. É nesta altura que a extinção de um comportamento se encontra no seu pico ao que chamamos de “extinction burst”. Quando o comportamento parece ter ficado pior ao invés de melhorar, é quando na realidade a extinção está a funcionar. O cachorro continuará a tentar vários comportamentos complementares ao choro, e quando vir que estes também não resultam, pára.
Assim se modificou um comportamento sem uso de aversivos, castigos ou repreensões. Assim como ir ao encontro do cachorro quando este chora resulta no mesmo aprender que chorar resulta, deixar de ir ter com o cachorro resulta no contrário, em ele aprender que esse comportamento não lhe trás nada e como tal ele deixa de o oferecer.
O mesmo se aplica com tudo o que o cão faz. Para acelarar o processo os treinadores certificam-se que reforçam os comportamentos desejados ao mesmo tempo que ignoram os indesejados.
Por exemplo o caso do cão que pula para cima das pessoas porque quer a sua atenção. Retirar toda a atenção ao cão quando este salta, vai colocar o comportamento em extinção. Ao mesmo tempo podemos ensinar um comportamento alternativo e reforçar esse outro.
Isto é, o cão salta porque quer atenção das pessoas, ignoramos o saltar, pedimos um senta e damos atenção ao cão quando ele está sentado à nossa frente. Não só estamos a ignorar um comportamento (saltar), como estamos a educar o cão no sentido de lhe dar uma alternativa (senta) para obter o que quer (a nossa atenção). É sempre a permissa de que damos ao cão o que ele quer se ele nos der oque nos queremos.
Vou colocar aqui um vídeo que exemplifica um "extinction burst" ou pico de extinção de um comportamento. Todos nós nos podemos identificar com estes cenários, notem no pico da extinção como aumenta a intensidade e variedade do comportamento.


1 comentário:

lugo disse...

É pena o filme já não funcionar!