quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Generalizar a quanto obrigas
Os seres humanos têm uma capacidade de generalização que lhes é muito única.
Por exemplo, eu aprendi a conduzir em Portugal, num carro a gasóleo, com mudanças. A partir daí já conduzi em Espanha, Canadá, Inglaterra, EUA, México e Angola, já conduzi carros automáticos e de mudanças, de gasóleo e a gasolina e como já devem ter deduzido já conduzi “do lado errado” da estrada e até já conduzi um carro eléctrico.
A capacidade que me permite a mim aprender a conduzir de determinada forma e adaptar o que aprendi a diferentes contextos sem implicar aprender tudo de novo, chama-se generalização.
Precisamente porque todos os seres humanos têm a capacidade de generalizar aquilo que aprendem, é que leva a que tantos mal entendidos se gerem quando tentamos educar ou treinar um animal que não aprende da mesma forma.
Os cães não generalizam da mesma forma que nós. Os comportamentos que os cães aprendem, têm que sofrer um ensino novo e muitas repetições em diferentes contextos situacionais antes que o cão comece a generalizar.
Antes de generalizar o comportamento deita, por exemplo, o cão tem que aprender a deitar em muitos locais, diferentes horas do dia, diferentes posições em relação à pessoa que pede o comportamento, diferentes distâncias, diferentes ambientes e distracções ao seu redor, etc.. Antes de perceber que “deita” significa coloca-te de barriga no chão independentemente de tudo o resto, temos que ensinar a generalizar.
Na verdade existem cães que generalizam com mais facilidade do que outros, uns demoram mais a aprender do que outros, e muitas variantes influenciam a aprendizagem, como por exemplo, a motivação usada, o ambiente, o relacionamento com a pessoa, etc..
O quão generalizado está um comportamento depende quase única e exclusivamente de quantas vezes o dono ensinou o comportamento em diferentes contextos que englobem muitas variantes.
A grande maioria das pessoas que tem cães desconhece isto. Outra grande parte, é-lhes explicado este conceito, mas assumem que a generalização é apenas e unicamente local, isto é, o cão apenas tem que aprender em diferentes locais mais nada. Mas generalização inclui todas a variantes, tantas quantas acharmos relevantes para aquilo que queremos ensinar. Portanto no caso de treinar um chamamento é extremamente relevante que o cão aprenda a responder em qualquer local, mas isso não elimina o facto de que tenho que generalizar também as distracções presentes no local, porque os estímulos que existem num parque não são iguais aos que existem no jardim lá de casa. Se pensarmos melhor as distracções que existem no parque às 9 da noite são completamente diferentes daquelas que encontrarei no parque às 4 da tarde de um domingo. Tudo isto conta. Quanto mais você conseguir identificar as variantes que influenciam a aprendizagem de um determinado comportamento mais fácil será destrinça-los e subsequentemente treiná-los individualmente.
Portanto agora que sabe a importância da generalização de um comportamento, arregace as mangas e mãos ao treino!
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