segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Convencional vs Positivo por Sherri @ Just Dogs with Sheri


Este artigo foi traduzido do artigo Revisiting conventional vs. positive reinforcement escrito por Sherri retirado do seu blog Just Dogs with Sherri


Alguns tópicos precisam de ser revistos de vez em quando. Isto acontece por eu ver este comportamento repetido vezes sem conta quando saio com os meus cães. Hoje fui com o meu marido ao parque onde ele vai correr com o Luke e eu passeio com os outros cães. Assim que cheguei lá vi uma mulher a passear os seus 3 cães, costumo vê-la muitas vezes. Os cães dela estavam a reagir a alguns cães que estavam a passar perto, ela virou-se e deu um pontapé num deles (ao estilo César Millan).
O meu marido perguntou se eu tinha visto aquilo e depois perguntou-me porque raio é que ela fez aquilo. Entramos numa grande discussão; convencional vs positivo.

Antes de mais uma pequena historia, um dia estava a comprar mobília com a minha filha e após ter escolhido vários itens que queria, dei a senhora que nos vendeu esses itens o meu número de telefone e o meu cartão. Ela pensou que era interessante que eu fosse uma fotógrafa de cães e falou-me da sua labradora. Ela também disse que estava a procura de um treinador, que já tinha ido a uma aula privada com um outro mas que não tinha a certeza se queria voltar. Ela contou-me que o treinador deu esticões na coleira do seu cão e que se tornou tão agressivo com a sua labradora que ela intimidada urinou durante a aula.

Ela perguntou-me se eu achava isto normal e sei que ela notou que fiz uma careta. Pela sua cara eu vi que ela já sabia qual era a minha resposta antes de abrir a boca. O meu coração dói quando ouço historias como estas, imaginem a pobre labradora nas mãos deste bruta montes? A um cliente meu, á uns anos atrás, foi-lhe dito que ele e a sua esposa iam estragar o seu cão que era um lindo e sociável cachorro Golden Retriever. Eles foram convencidos a deixar o cachorro em internato e não lhes foi permitido ver o cão. Quando o vieram buscar ele estava magro, apático e era uma sombra do cachorro energético e feliz que tinham lá deixado, foi quando eles me telefonaram.

Já sou treinadora à muito tempo, já treino cães desde os 13 anos. Mas antigamente só existia uma forma de treinar, a convencional. Quando eu digo convencional falo do tipo de treino com estranguladoras, que se o cão não faz o que queremos lhe damos um esticão para ver se ele fica esperto. Quanto mais tempo durar a desobediência do cão mais severos se tornam os esticões o que nutre raiva no “treinador”.
Surpreendentemente ainda existem treinadores convencionais. Com toda a informação disponível em revistas, jornais e internet acerca do treino com reforço positivo ainda existem treinadores agarrados aos esticões nas coleiras que insistem em não mudar. A primeira vez que pratiquei treino com reforço positivo foi à 15 anos atrás. Quando o descobri a primeira coisa que me passou pela cabeça foi “porque é que só descobri isto agora?”. Durante muito tempo senti-me culpada pelas coisas que fiz no passado mas eventualmente deixei de pensar nisso.

Os anos que passei a exercer treino convencional, dão-me hoje um melhor entendimento do porque é que odeio esse método de treino e porque é que treino da forma que treino. Eu não sou o tipo de pessoa que treina apenas de uma só forma, não, eu pratiquei as duas e percebo muito bem a diferença. Eu acho que a maior diferença entre o treino convencional e o positivo é o tipo de emoção que cria. Eu lembro-me de estar nas antigas classes onde qualquer pessoa cujo cão não estivesse a cumprir os exercícios, ficava zangado com o seu cão. Eu vi pessoas tão dependentes dos esticões na coleira e entendo a raiva na sua reacção quando os cães não faziam o que eles queriam.

Foi aqui que a conversa com o meu marido se alongou, na raiva. Nós conseguiamos ver a raiva na mulher, quando ela deu o pontapé no seu cão e lhe deu um esticão na coleira para tentar que ele parasse de ladrar. É muito mais do que escolher uma forma ou a outra; ambos os métodos de treino derivam de uma ideia essencial, e é dessa mesma ideia que a pessoa parte.

Reforço positivo requer mais paciência e sem sombra de duvida mais raciocínio. Tive um amigo treinador que estava a aprender técnicas de reforço positivo que me disse que adorava a forma como eu pensava nas coisas quando estávamos a discutir o treino de um comportamento. Não existem 2 cães iguais e muitas vezes um novo e estranho comportamento aparece no cão de um cliente. Eu ai digo “espera ai, preciso de resolver isto.” Porque é que estava este cão a agir desta forma, qual era a diferença aqui?

Cães fazem coisas estranhas e se vocês os observarem durante muito tempo, ouvirem os donos explicar os comportamentos quase sempre tudo tem uma explicação. Não que a explicação seja sempre útil, por vezes temos que passar da causa, directamente para a solução. Por vezes um comportamento pode ser rapidamente solucionado se o dono mudar uma pequena coisa. Eu adoro comportamento canino, honestamente posso passar horas a ver cães interagir com outros cães ou com pessoas. Adoro os donos que optam por escolher reforço positivo, estes são uma nova “raça” de donos. Longe dos esticões e estrangular cães quando eles se “portam mal”, treinadores positivos procuram formas de optimizar a possibilidade da repetição de bons comportamentos. E isso meus amigos são óptimas notícias para todos os cães.

1 comentário:

Unknown disse...

Eu bem sei o que é isso. Tenho uma labradora absurdamente sapeca de 10 meses e às vezes a frustração toma conta mas nunca, eu digo, nunca devemos perder a paciência. Já vi muitos adestradores tentarem o adestramento convencional com a minha Molly e quase tive vontade de dar a eles uma bronca convencional também! Admiro muito sua técnica e seu amor para com os cachorros.