quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CHEGOU O TEMPO DA VERDADE - Michael Baugh

Por Michael Baugh, CPDTA –KA, CDBC

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Existem apenas alguma coisas mais controversas no mundo dos cães do que esta afirmação. Você não precisa usar intimidação, dor ou medo para treinar um cão. Esta é, evidentemente, a verdade. Temos a ciência com mais de um século para o provar, provas duras através dos cães e das dezenas (se não forem centenas) de outras espécies animais. Ainda assim, se você disser isto algumas pessoas irão contestar. Os humanos são, de muitas formas uma espécie coerciva que se foca muito no que está mal e como “corrigir” o que está errado. Muitos treinadores ainda usam o medo e a dor como forma de lidar com os cães. Outros fazem-no com “alguns cães” ou “casos mais complicados”. Eles defendem as suas posições com a ficção que existirá aquele caso no qual “ a vida do cão está em risco”. Alguns cães, dizem eles, têm que se punidos. Usam palavras mais suaves para descreverem as punições como “firmeza” e “disciplina”. A ironia é que não toleramos este tipo de abuso perpetrado nos cães noutros contextos, mas toleramos quando a palavra “treino” o justifica. Grupos e associações de recolha de animais lamentam o sofrimento que os seus cães tiveram que sofrer nas mãos de donos inexperientes no passado. Alguns até especulam abuso quando este talvez nunca tenha acontecido. Depois alguns desses mesmos grupos referem os cães a pessoas que abertamente e sem vergonha brutalizam e aterrorizam os cães em nome do “treino”.

Estas são as mesmas pessoas, treinadores ou auto proclamados defensores dos animais, que atiram a sua fúria quando confrontados com a verdade. Eles ignoram a evidência que a ciência lhes dá. Eles punem os factos da mesma forma que punem os cães, sem consideração pelo que é correcto ou verdade. Alguns já começaram a escrever a resposta furiosa a este artigo. Assim seja. Este artigo não é direccionado a eles.

Este artigo é, ao invés, para a maioria crescente de treinadores e especialistas em comportamento canino que entendem que a melhor aprendizagem ocorre num ambiente relaxado e livre de dor. É para aqueles que sabem que o treino de cães está relacionado com contingências e com administrar valor aos comportamentos. Este artigo é para aquelas pessoas inteligentes que já descobriram que o nosso relacionamento com os cães não se define por quem manda; mas sim como aprendemos a comunicar um com o outro. São pessoas que aprendem e ensinam e lembram-se diariamente que treinar cães não é algo que fazemos aos cães; é algo que fazemos com eles. Estas palavras que escrevo, são para os treinadores que se baseiam na ciência e na recompensa e que nunca usam medo ou dor como ferramenta em nenhum cão. Este artigo é para eles um desafio aberto para que passem à acção!



Encontre a sua voz e faça-se ouvir. Coloque os seus medos de lado. Encontre conforto no conhecimento que você é não só tecnicamente perfeito no uso dos seus métodos mas também moralmente correcto. Pare de esperar que a mudança ocorra. Faça com que a mudança aconteça.

Existiu um tempo que pensamos que a melhor forma de eliminar o treino aversivo era incluir os treinadores que usavam esses métodos no nosso meio e educá-los. Esse tempo passou. A APDT está agora recheado de treinadores que orgulhosamente usam coleiras de choque, coleiras de bicos e estranguladoras, treinadores que atiram coisas, esguicham líquidos e abanam latas aos cães, e treinadores que subitamente se chamam de “positivos”. Eles usam a Associação, que foi criada para melhor formar treinadores através da educação, e recusam educar-se para melhorar os seus métodos. Devemos insistir que as nossas organizações estabeleçam regras rígidas que rejeitem o uso da dor e do medo no treino.


Existiu uma altura em que éramos considerados os treinadores da nova era, com uma alternativa mais suave aos treinadores “tradicionais”. Esse tempo também passou. Nós deixamos de ser a alternativa. Nós passamos a ser o modelo a seguir. Já não há mais tempo para ignorar o comportamento inaceitável dos treinadores que se baseiam na dor. Todos sabemos que ignorar o que está errado não é suficiente para provocar a mudança. Não devemos apenas ignorar o comportamento errado, temos que eliminá-lo. Deixem que os treinadores que usam aversivos (e as organizações que os recomendam) definhem num mundo onde você floresce. Foque a sua atenção (e a atenção dos outros) na excelência do seu trabalho e celebre os meios com os quais atingiu os fins. Você está correcto e moralmente é são. Faça-se ouvir. Levante a bandeira bem alto e deixe que todos saibam que o treino baseado na ciência e no reforço positivo não é apenas mais uma forma de treino; é sim a única forma de treinar rápida e eficazmente. Você sabe que é verdade. Nós devemos falar esta verdade e fala-la bem alto.



Existiu um tempo que podíamos competir entre nós. Competíamos uns com os outros conforme a nossa vontade. Esse tempo terminou. Em Houston, muitos dos treinadores que usam reforço positivo juntam-se uma vez por mês no mercado. Falamos uns com os outros acerca de casos complicados e referimos as escolas uns dos outros a clientes livremente. Também nos unimos num objectivo comum de eliminar o uso da dor e do medo em nome do treino. O nosso sucesso individual e colectivo ajuda a que os cães escapem horrores e brutalidade. Para atingir esse fim, devemos trabalhar juntos.



Lembro-me que existiu um tempo em que o futuro do treino de cães parecia assegurado. A educação por ela mesma, parecia levar-nos a um tempo onde todos os cães seriam ensinados de forma inteligente e gentil. O único encantador de cães conhecido era Paul Owens, e nenhum cão era magoado na televisão em nome do entretenimento e audiências. Ninguém se preocupava com uma “guerra de culturas” no treino de cães. Com o tempo o treino aversivo simplesmente desapareceria. Tudo o que tínhamos que fazer era esperar. Esse tempo nunca chegou. Nem vai chegar a não ser que passemos à acção.


Devemos rejeitar o treino baseado na dor, imediata e rigidamente. Devemos reclamar juntos das organizações profissionais. Devemos exigir reconhecimento profissional por parte dos nossos colegas. Certificações e licenças. Devemos desafiarmo-nos e tornarmo-nos os embaixadores do treino de cães. Devemos minimizar aqueles que assustam e magoam os cães. Devemo-nos juntar. Não podemos fazer isto sozinhos.


Estas palavras são para vocês caros colegas treinadores que são gentis, inteligentes e têm bom coração. Estas palavras irão, certamente, desencadear ataques. Ignorem-nos. Os humanos são uma espécie difícil de lidar quando alguém levanta a voz. Parece que nada é mais controverso do que a verdade.

1 comentário:

Emmanuelle Moraes disse...

Radiante Sou Eu por ter deixado lá em um passado frustrante o adestramento tradicional, focado no uso da dor, e punições! Radiante Sou Eu por saber hoje, ter a certeza, e a paz interior pois meu trabalho baseado na ciência e no treino positivo hoje melhora a vida de muitos cães, contagia as pessoas e é referência! Radiante Eu Sou por receber um grandioso retorno do meu trabalho, por Encantar cada pessoa que chega a mim e encontra no meu trabalho o respeito que ela procura para o seu amigo de pelo. Radiante Eu Sou por ter encontrado você, Claudia, que tanto divulga, ensina e contagia a todos com o Treino Positivo! Dale Movimiento!