terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Nomes de onde eles veêm?
A Alice no seu Blog Diário de uma Veterinária, postou um post maravilhoso que me fez rir às gargalhadas acerca dos nomes dos cães. E claro todos sabemos que na criatividade os brasileiros batem pontos a qualquer um, senão vejam bem e invejem não se terem lembrado de alguns destes primeiro...
"- Bom dia doutora
- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo?
- Ah, doutora, eu queria uma consulta para a minha cachorra.
- Pois não, vamos fazer a ficha, como é o nome dela?
- A gente chama ela de Ninha, mas o nome dela é Xena Sarah O'Connor.
A gente geralmente recebe animais com nomes diferentes. Muitos deles herdam os nomes complicados dos registros em kennels como algo do tipo: Ero Sennin Gulanbert III
Mas eu tenho a felicidade de receber animais com nomes estranhos sem necessariamente serem de canil.
Bastou ser apenas mestiço, daqueles que o proprietário diz:
- Doutora, o pai é poodle com 'basê' e a mãe é 'rotivalha' com pastor canadense europeu... que raça é esse cachorro?"
Leia o resto aqui...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
O seu cão respeita-o??
Respeito é algo que é exigido, esperado e quase inequivocamente indispensável por alguns que visionam um relacionamento saudável e equilibrado com os seus cães. Se o seu cão os respeitar, então este nunca irá fazer nada que o dono não permita. Ao alcançar o patamar de “dono respeitado pelo cão”, este alcança o “estatuto” de superioridade que lhe subjaz. O cão passa automaticamente a ser um “bem-educado” que nunca irá pôr à prova o dono.
O conceito de que alcançar o respeito dos cães estamos a alcançar uma inerente superioridade indispensável à nossa convivência é fantasia e vive apenas na mente dos humanos.
Mas o que me leva a escrever este artigo não é mais um longo demonstrar de provas inequívocas de que não precisamos de “mandar” e ser “superiores” (algo que somos já por deferência) aos nossos cães, mas sim falar do conceito de respeito e se este é importante e/ou necessário para a nossa vivência com os cães.
Comecemos por pensar na própria palavra. O que é afinal o respeito? A que é que nos referimos exactamente quando dizemos que devemos ser respeitados ou devemos respeitar?
Somos ensinados a respeitar os mais velhos, respeitar os pais e a família, respeitar costumes diferentes, respeitar os professores, respeitar diferentes religiões, respeitar diferentes gostos, respeitar diferentes escolhas. Falamos do respeito pelo próximo, respeito pelos que sabem mais e têm algo para nos ensinar, respeito por aqueles que são famosos ou (re)conhecidos. A palavra respeito, alberga muitas facetas que vão desde a sociedade em que se insere, à época em que se insere e acima de tudo da interpretação pessoa que cada um lhe confere.
Quem não ouviu falar que é uma grande falta de respeito não regatear com vendedores na Turquia? No entanto, entrar numa loja da Salsa no centro comercial Colombo e regatear o preço de umas “jeans”, será visto como uma falta de respeito ou provavelmente como um acto de insanidade. Na Índia, por exemplo, comer com as mãos é algo que faz parte dos costumes e tradições do país e se eu for a um restaurante na Índia e comer com as mãos, esse acto é interpretado como normal e costumeiro. Se fizer o mesmo num restaurante português, no entanto, não terei a mesma aceitação.
Em minha casa, se seu tratasse os meus pais por “você”, eles achariam bizarro. No entanto, conheço alguns colegas meus que tratam os pais por “você” porque doutra forma seria considerado um desrespeito.
Então podemos todos concordar que apesar de existir uma definição de respeito, esta está sujeita a várias interpretações que recaem todas sobre o espectro da interpretação humana – seja esta social, de costumes, individual, etc. Com isto quero dizer que respeito é algo característico dos seres humanos. É um conceito próprio do ser humano e único ao mesmo.
O que me parece estranho é que muitas pessoas apliquem a palavra respeito aos seus cães, e não parem para pensar na antropomorfização que estender essa palavra a um cão implica.
Quando alguém diz “o meu cão respeita-me” eu fico baralhada. O que quererá a pessoa dizer com essa afirmação? Que o cão trata o dono com a deferência social típica da sociedade em que está inserido?
No outro dia, mantinha uma conversa com um colega acerca da agressividade nos cães e de como alguns donos lidavam com casos complicados em casa. Até que ele me disse “Se um cão meu me rosnasse, seria apenas uma vez. Ele aprenderia muito rapidamente que tem que me respeitar!”, ou seja, traduzido por miúdos o que o meu colega quis dizer foi “Se o meu cão me rosnasse, seria apenas uma vez. Ele aprenderia muito rapidamente a não fazê-lo mais, porque eu o puniria de tal forma que da próxima vez ele não iria rosnar para evitar outra punição idêntica!”.
Ou seja para ele o seu cão rosnar-lhe significava várias coisas:
- Que este não o respeita
- Que o cão tem que aprender a fazê-lo e isso faz-se através da aplicação de uma punição grave
- Que uma punição grave ao cão ensina ao mesmo o significado de “respeito”
- Que “agressividade canina” é um reflexo de falta de respeito
- Que ser respeitado significa ser temido
Mas será que o cão quando rosna ao dono está a “desrespeitá-lo”? Esta transferência de uma intenção com um conceito puramente humano, é extremamente prejudicial para o cão e o dono.
Não aprendemos muito acerca de como nos relacionarmos com os nossos cães e de como podemos eficazmente lidarmos com os seus problemas comportamentais, se estivermos preocupados com conceitos vagos e tipicamente humanos como o respeito. Antropomorfização é inimiga do entendimento capaz e saudável dos nossos companheiros de 4 patas. O dono que insiste em fazer-se respeitar ( e isto inadvertidamente implica lidar com situações complexas de uma forma simplista e coerciva) tem em mão um problema muito mais grave do que o cão rosnar.
Cada vez mais entendo que muitas pessoas, recusam a ver os seus cães pelo animal que é. Insistem em transferir para os mesmos as suas inseguranças, angústias, expectativas (muitas vezes irrealistas) e acima de tudo os seus conceitos humanos. E fazem-no convencidos de que o cão sabe exactamente o que se passa.
Mas, os cães fazem apenas o que melhor resulta para os mesmos. Regem-se pelas maravilhosas regras de ciência da aprendizagem, manipulando o seu ambiente de forma a obter o máximo de consequências positivas de tudo e todos os que os rodeiam. Isso não os torna menos complexos ou maravilhosos, nem é por isso que deixam de ser tão místicos ou sensacionais. Não são menos porque não sabem o que é o respeito ou a culpa, ou porque não distinguem o bem do mal, ou porque não detêm expectativas ou planeiam antecipadamente as suas acções. São apenas diferentes de nós, e devemos-lhes a eles entendê-los e ama-los assim como são, pelo que são e não pelo que não são.
Portanto, se nem você consegue objectivamente explicar como se traduz o respeito na sua plenitude, não acha que é pedir um pouco demais ao seu cão? Acha mesmo que ele quando lhe rosna está a desrespeitá-lo? Ou quando o chama e ele não vem?
Se se libertar dos conceitos humanos e das expectativas pouco realistas que traduz no seu cão, posso garantir que irá entendê-lo muito melhor e consequentemente irá conseguir atingir os seus objectivos de uma forma bem mais eficaz e satisfatória.
O cão que rosna, está na realidade a emitir um sinal comunicativo, e por trás desse sinal comunicativo existe uma emoção que o desencadeia (medo, ansiedade, frustração, protecção). Punir o cão que rosna não é resolver o problema que desencadeia o rosnar, mas apenas suprimir o sinal comunicativo em si (o cão deixa de rosnar porque fazê-lo leva a uma punição), e como tal, não está a ensinar ao seu cão como lidar com o sentimento que inicialmente desencadeia o rosnar. O seu cão pode sem aviso morder da próxima vez que sentir a mesma coisa, ou se vir confrontado com a mesma situação. Se pensar desta forma, irá entender que pode ajudar o seu cão ou pedindo ajuda a um profissional ou começando por analisar o que estimula a agressão.
No caso do cão que não vem quando é chamado se na vez de se frustrar em pensamentos de que o cão o está a desrespeitar e a fazer de propósito, reconsidere o que o seu cão sabe. Como é que ensinou a chamada? Generalizou o comando para aquele ambiente específico? O que está diferente hoje do resto dos dias? Praticou o suficiente? Tem recompensas adequadas? Procure as respostas em si e não transfira a responsabilidade para o seu cão, ao fazê-lo terá imediatamente mais espaço para melhorar. Pode generalizar mais, treinar mais, aumentar as recompensas, voltar um passo atrás na chamada, etc…
Mas se ficar preso ao conceito de respeito, então terá que descobrir uma forma eficaz de explicar ao seu cão o que é, como e quando este o deve respeitar!
Agressividade é um comportamento normal no mundo canino. Com isto não digo que devemos viver com o mesmo. Procurar ajuda profissional e ensinar o cão a aceder a comportamentos menos conflituosos e mais aceitáveis para a nossa vivência junta é imperativo, no entanto, isso não se fará pensando imediatamente em conceitos humanos que levam sempre a situações de “medições de força”, de “quem ganha e perde” de “quem manda em quem”.
Acerca do respeito, eu respeito muito os meus cães, e uso a minha inerente superioridade intelectual para me aperceber da forma como vivem, bem mais simples do que a nossa, mas nem por isso livre de nos ensinar a nós muitas lições de vida, sem ter que transmitir neles o que para eles não existe.
O conceito de que alcançar o respeito dos cães estamos a alcançar uma inerente superioridade indispensável à nossa convivência é fantasia e vive apenas na mente dos humanos.
Mas o que me leva a escrever este artigo não é mais um longo demonstrar de provas inequívocas de que não precisamos de “mandar” e ser “superiores” (algo que somos já por deferência) aos nossos cães, mas sim falar do conceito de respeito e se este é importante e/ou necessário para a nossa vivência com os cães.
Comecemos por pensar na própria palavra. O que é afinal o respeito? A que é que nos referimos exactamente quando dizemos que devemos ser respeitados ou devemos respeitar?
Somos ensinados a respeitar os mais velhos, respeitar os pais e a família, respeitar costumes diferentes, respeitar os professores, respeitar diferentes religiões, respeitar diferentes gostos, respeitar diferentes escolhas. Falamos do respeito pelo próximo, respeito pelos que sabem mais e têm algo para nos ensinar, respeito por aqueles que são famosos ou (re)conhecidos. A palavra respeito, alberga muitas facetas que vão desde a sociedade em que se insere, à época em que se insere e acima de tudo da interpretação pessoa que cada um lhe confere.
Quem não ouviu falar que é uma grande falta de respeito não regatear com vendedores na Turquia? No entanto, entrar numa loja da Salsa no centro comercial Colombo e regatear o preço de umas “jeans”, será visto como uma falta de respeito ou provavelmente como um acto de insanidade. Na Índia, por exemplo, comer com as mãos é algo que faz parte dos costumes e tradições do país e se eu for a um restaurante na Índia e comer com as mãos, esse acto é interpretado como normal e costumeiro. Se fizer o mesmo num restaurante português, no entanto, não terei a mesma aceitação.
Em minha casa, se seu tratasse os meus pais por “você”, eles achariam bizarro. No entanto, conheço alguns colegas meus que tratam os pais por “você” porque doutra forma seria considerado um desrespeito.
Então podemos todos concordar que apesar de existir uma definição de respeito, esta está sujeita a várias interpretações que recaem todas sobre o espectro da interpretação humana – seja esta social, de costumes, individual, etc. Com isto quero dizer que respeito é algo característico dos seres humanos. É um conceito próprio do ser humano e único ao mesmo.
O que me parece estranho é que muitas pessoas apliquem a palavra respeito aos seus cães, e não parem para pensar na antropomorfização que estender essa palavra a um cão implica.
Quando alguém diz “o meu cão respeita-me” eu fico baralhada. O que quererá a pessoa dizer com essa afirmação? Que o cão trata o dono com a deferência social típica da sociedade em que está inserido?
No outro dia, mantinha uma conversa com um colega acerca da agressividade nos cães e de como alguns donos lidavam com casos complicados em casa. Até que ele me disse “Se um cão meu me rosnasse, seria apenas uma vez. Ele aprenderia muito rapidamente que tem que me respeitar!”, ou seja, traduzido por miúdos o que o meu colega quis dizer foi “Se o meu cão me rosnasse, seria apenas uma vez. Ele aprenderia muito rapidamente a não fazê-lo mais, porque eu o puniria de tal forma que da próxima vez ele não iria rosnar para evitar outra punição idêntica!”.
Ou seja para ele o seu cão rosnar-lhe significava várias coisas:
- Que este não o respeita
- Que o cão tem que aprender a fazê-lo e isso faz-se através da aplicação de uma punição grave
- Que uma punição grave ao cão ensina ao mesmo o significado de “respeito”
- Que “agressividade canina” é um reflexo de falta de respeito
- Que ser respeitado significa ser temido
Mas será que o cão quando rosna ao dono está a “desrespeitá-lo”? Esta transferência de uma intenção com um conceito puramente humano, é extremamente prejudicial para o cão e o dono.
Não aprendemos muito acerca de como nos relacionarmos com os nossos cães e de como podemos eficazmente lidarmos com os seus problemas comportamentais, se estivermos preocupados com conceitos vagos e tipicamente humanos como o respeito. Antropomorfização é inimiga do entendimento capaz e saudável dos nossos companheiros de 4 patas. O dono que insiste em fazer-se respeitar ( e isto inadvertidamente implica lidar com situações complexas de uma forma simplista e coerciva) tem em mão um problema muito mais grave do que o cão rosnar.
Cada vez mais entendo que muitas pessoas, recusam a ver os seus cães pelo animal que é. Insistem em transferir para os mesmos as suas inseguranças, angústias, expectativas (muitas vezes irrealistas) e acima de tudo os seus conceitos humanos. E fazem-no convencidos de que o cão sabe exactamente o que se passa.
Mas, os cães fazem apenas o que melhor resulta para os mesmos. Regem-se pelas maravilhosas regras de ciência da aprendizagem, manipulando o seu ambiente de forma a obter o máximo de consequências positivas de tudo e todos os que os rodeiam. Isso não os torna menos complexos ou maravilhosos, nem é por isso que deixam de ser tão místicos ou sensacionais. Não são menos porque não sabem o que é o respeito ou a culpa, ou porque não distinguem o bem do mal, ou porque não detêm expectativas ou planeiam antecipadamente as suas acções. São apenas diferentes de nós, e devemos-lhes a eles entendê-los e ama-los assim como são, pelo que são e não pelo que não são.
Portanto, se nem você consegue objectivamente explicar como se traduz o respeito na sua plenitude, não acha que é pedir um pouco demais ao seu cão? Acha mesmo que ele quando lhe rosna está a desrespeitá-lo? Ou quando o chama e ele não vem?
Se se libertar dos conceitos humanos e das expectativas pouco realistas que traduz no seu cão, posso garantir que irá entendê-lo muito melhor e consequentemente irá conseguir atingir os seus objectivos de uma forma bem mais eficaz e satisfatória.
O cão que rosna, está na realidade a emitir um sinal comunicativo, e por trás desse sinal comunicativo existe uma emoção que o desencadeia (medo, ansiedade, frustração, protecção). Punir o cão que rosna não é resolver o problema que desencadeia o rosnar, mas apenas suprimir o sinal comunicativo em si (o cão deixa de rosnar porque fazê-lo leva a uma punição), e como tal, não está a ensinar ao seu cão como lidar com o sentimento que inicialmente desencadeia o rosnar. O seu cão pode sem aviso morder da próxima vez que sentir a mesma coisa, ou se vir confrontado com a mesma situação. Se pensar desta forma, irá entender que pode ajudar o seu cão ou pedindo ajuda a um profissional ou começando por analisar o que estimula a agressão.
No caso do cão que não vem quando é chamado se na vez de se frustrar em pensamentos de que o cão o está a desrespeitar e a fazer de propósito, reconsidere o que o seu cão sabe. Como é que ensinou a chamada? Generalizou o comando para aquele ambiente específico? O que está diferente hoje do resto dos dias? Praticou o suficiente? Tem recompensas adequadas? Procure as respostas em si e não transfira a responsabilidade para o seu cão, ao fazê-lo terá imediatamente mais espaço para melhorar. Pode generalizar mais, treinar mais, aumentar as recompensas, voltar um passo atrás na chamada, etc…
Mas se ficar preso ao conceito de respeito, então terá que descobrir uma forma eficaz de explicar ao seu cão o que é, como e quando este o deve respeitar!
Agressividade é um comportamento normal no mundo canino. Com isto não digo que devemos viver com o mesmo. Procurar ajuda profissional e ensinar o cão a aceder a comportamentos menos conflituosos e mais aceitáveis para a nossa vivência junta é imperativo, no entanto, isso não se fará pensando imediatamente em conceitos humanos que levam sempre a situações de “medições de força”, de “quem ganha e perde” de “quem manda em quem”.
Acerca do respeito, eu respeito muito os meus cães, e uso a minha inerente superioridade intelectual para me aperceber da forma como vivem, bem mais simples do que a nossa, mas nem por isso livre de nos ensinar a nós muitas lições de vida, sem ter que transmitir neles o que para eles não existe.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
SERÃO OS CÃES ANIMAIS DE MATILHA?
Escrito por Jean Donaldson no seu blog
Quando eu comecei a treinar cães pela primeira vez, o mantra era “cães são animais de matilha”. Isso nunca era questionado: os cães eram animais que desenvolviam laços fortes com as suas famílias humanas, por vezes mesmo até ao ponto de desenvolver desordens como ansiedade por separação. Muitos dos comportamentos caninos foram construídos tendo a hierarquia social em mente. Ninguém se lembrou de observar o que fazem os cães quando estes não fazem parte duma família humana, isto é, cães ferais. Como tal, há uns tempos atrás fui observar o que chamamos de populações de cães ferais e semi-ferais à volta do mundo. Acontece que existem imensas populações dessas pelo mundo fora.
Durante a ditadura de Nicolae Ceaucescu, uma reconstrução muito mal pensada na Romania, resultou na demolição de milhares de casa e da recolocação de milhares de famílias para apartamentos pequenos espalhados pelo país. Para os cães dessas famílias, isso significou o abandono maciço, onde estes se multiplicaram e talharam uma existência marginal desde então.
Uma triste situação seja de que ângulo fôr, a explosão de cães ferais na Romania é uma experiência não intencional que se desafia um dos maiores aforismos do mundo do comportamento canino: que os cães são animais de “matilha”. Os cães na Romania não formavam matilhas. As suas associações uns com os outros eram breves e casuais: dois cães podem estar juntos temporariamente e depois separarem-se. Os cães são muitas vezes atraídos uns aos outros através dum escasso recurso tal como a comida ou uma cadela em cio mas assim que esse magneto desaparece, eles separam-se.
Isto contrasta com os lobos que, sendo geneticamente uma espécie idêntica aos cães, vivem em matilhas. Como é explicado pelo biólogo da Universidade de Minnesota, o Dr. David Mech, cada matilha é um núcleo familiar que consiste do par que acasala e dos seus filhos. Quando os filhos atingem a maturidade por volta dos dois anos de idade, eles dispersam para evitar o acasalamento interno e se viverem tempo suficiente, acasalam com outras fêmeas e formam a sua própria família (matilha).
As vidas sociais dos cães na Romania podem ser a excepção à regra, por isso é necessário examinar todas as populações de cães ferais para formular uma hipótese acerca do comportamento social canino.
Quando eu comecei a treinar cães pela primeira vez, o mantra era “cães são animais de matilha”. Isso nunca era questionado: os cães eram animais que desenvolviam laços fortes com as suas famílias humanas, por vezes mesmo até ao ponto de desenvolver desordens como ansiedade por separação. Muitos dos comportamentos caninos foram construídos tendo a hierarquia social em mente. Ninguém se lembrou de observar o que fazem os cães quando estes não fazem parte duma família humana, isto é, cães ferais. Como tal, há uns tempos atrás fui observar o que chamamos de populações de cães ferais e semi-ferais à volta do mundo. Acontece que existem imensas populações dessas pelo mundo fora.
Durante a ditadura de Nicolae Ceaucescu, uma reconstrução muito mal pensada na Romania, resultou na demolição de milhares de casa e da recolocação de milhares de famílias para apartamentos pequenos espalhados pelo país. Para os cães dessas famílias, isso significou o abandono maciço, onde estes se multiplicaram e talharam uma existência marginal desde então.
Uma triste situação seja de que ângulo fôr, a explosão de cães ferais na Romania é uma experiência não intencional que se desafia um dos maiores aforismos do mundo do comportamento canino: que os cães são animais de “matilha”. Os cães na Romania não formavam matilhas. As suas associações uns com os outros eram breves e casuais: dois cães podem estar juntos temporariamente e depois separarem-se. Os cães são muitas vezes atraídos uns aos outros através dum escasso recurso tal como a comida ou uma cadela em cio mas assim que esse magneto desaparece, eles separam-se.
Isto contrasta com os lobos que, sendo geneticamente uma espécie idêntica aos cães, vivem em matilhas. Como é explicado pelo biólogo da Universidade de Minnesota, o Dr. David Mech, cada matilha é um núcleo familiar que consiste do par que acasala e dos seus filhos. Quando os filhos atingem a maturidade por volta dos dois anos de idade, eles dispersam para evitar o acasalamento interno e se viverem tempo suficiente, acasalam com outras fêmeas e formam a sua própria família (matilha).
As vidas sociais dos cães na Romania podem ser a excepção à regra, por isso é necessário examinar todas as populações de cães ferais para formular uma hipótese acerca do comportamento social canino.
Muitas populações de cães ferais existem no sahara africano, América do Sul, Índia, México, Tasmânia (cães da ilha de Cook), Hawaii, Banguecoque e numa situação paralela à de Romania, em Moscovo. Acredita-se que os cães Pariah no subcontinente Indiano são os que formam uma população mais longa e contínua de cães ferais, datando quase 14,000 anos, quase tão longa quanto as provas arqueológicas existem de cães domésticos.
Existem casos de um cão que se junta a outro ou a um grupo por alguns duas, e outros que se aproximam dada uma fonte de comida, no entanto, nenhuma das populações acima faladas formam matilhas da forma que os lobos fazem. Os machos, na realidade, não participam na criação dos cachorros, que é a essência de uma matilha de lobos. E a procura de comida feita pelos cães é muito diferente do ritual de caça como actividade de aquisição de comida, outra diferença entre os lobos e os cães.
Por contraste, os relatos do comportamento social dos Dingos são muito mais conflituosos. Muitas vezes a mesma fonte, dirá num parágrafo que os Dingos são primariamente solitários e que ocasionalmente se juntam com outros para poderem matar uma presa grande e mais tarde dizem que os Dingos são animais de matilha com hierarquias estáveis, à lá Lobo Cinzento. As recentes descobertas genéticas permitiram distinguir os Dingos puros daqueles que eram híbridos de lobos. Curiosamente, os híbridos são muitas vezes indistinguíveis ao olho destreinado. Portanto, e sendo generosa, pode ser que a discrepâncias existente entre (e dentro da mesma) fontes devesse parcialmente à observação mista de animais híbridos e Dingos puros.
Um colega meu que fez várias viagens à Ilha de Cook para dar tratamento veterinário à população de cães ferais apercebeu-se de duas coisas: existe um grande número de cães com pernas curtas, e uma total falta de coesão social. Ela esperava e procurou matilhas, uma vez que sempre falou e ouviu que os cães são animais de matilha. Vezes sem conta e sempre que lá voltava ela testemunhava aquilo que o Dr. Dunbar sempre disse, que os cães formam associações “soltas e transitórias” e não matilhas hierárquicas rígidas.
Se vamos dizer que os cães são animais de matilha, temos que pensar nas imensas populações de cães que, na ausência duma família humana, confinamento e domesticação, simplesmente são independentes e não animais de matilhas.
Para ajudar os cães na Romania clicar no link romaniaanimalrescue.com
Para ajudar os cães em Moscovo clicar no link moscowanimals.org
Para ajudar os cães de Banguecoque clicar no link scadbangkok.org
Para ajudar a controlar a população de cães na Índia, visite wsdindia.org.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Ratos são treinados para detectar minas terrestres
Neste vídeo mostram como começaram a treinar ratos para detectar minas terrestres e evitar que mais pessoas morram ao pisá-las quando escondidas no subsolo em países que sofreram outrora os horrores duma guerra.
O mais interessante é que podem ver como os ratos são treinados... sim é com um clicker, ou seja o uso de condicionamento clássico e operante leva-nos a um entendimento maior e mais lógico de como se processa o ensino correcto de qualquer animal. A ciência da aprendizagem animal é fascinante! Vejam por vocês mesmos...
O mais interessante é que podem ver como os ratos são treinados... sim é com um clicker, ou seja o uso de condicionamento clássico e operante leva-nos a um entendimento maior e mais lógico de como se processa o ensino correcto de qualquer animal. A ciência da aprendizagem animal é fascinante! Vejam por vocês mesmos...
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Amem o cão pelo que ele é, e não pelo que gostavam que ele fosse
O respeito pelo animal e o amor pelo mesmo, leva a que cada vez mais treinadores e criadores que investem tudo num animal, aprendam a aceitar o mesmo pelo que ele é, e não pelas expectativas que se projecta no mesmo.
Pessoalmente acho um abuso (sim abuso) que se usem quaisquer tipos de métodos aversivos num cão só porque queremos que ele faça algo que o mesmo não faz, por exemplo, usar vedações eléctricas para impedir que o cão não saia do quintal, ao invés de construir uma vedação, usar uma estranguladora ou coleira de bicos para "consolidar" (palavras de alguns proponentes destes instrumentos de treino) comportamentos, e entenda-se consolidar por fazer deitas mais rápidos, heels mais perfeitos, etc.. para que o condutor ganhe as medalhas.
Usar métodos de treino que causem desconforto, medo, dor ou ansiedade no cão para proveito único do ser humano é algo que pertence a uma mentalidade antiga e retrógada, repleta de pensamentos egocêntricos de que por sermos uma raça "superior" podemos fazer das "inferiores" o que necessário fôr para atingirmos um objectivo.
Está mal, e condeno com todas as letras. Porquê? Porque não existe necessidade. Aceitar um cão pelo que ele é, é não só a melhor lição mas a mais nobre de todas. Se ele mesmo sendo treinado desde novo, não preenche os pontos todos para se tornar um cão de assistência (por exemplo) então não desistam dele, desistam apenas da ideia do cão de assistência, e não lhe administrem choques eléctricos para que ele pare de perseguir pássaros apenas porque nós investimos tanto nele e ele tem que fazer o trabalho para o qual foi criado. Pois mas Deus nós não somos, e mais cedo ou mais tarde paga-se caro por se querer preencher esse papel.
Vejam este vídeo e entendam melhor do que falo. Comentem...
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