terça-feira, 27 de maio de 2008


O MITO DO MACHO por Dr. Ian Dunbar


A estrutura social do cão doméstico é muitas vezes descrita em termos de uma dominância hierárquica linear, na qual o cão de topo, ou o “animal alpha”, é dominante sob todos os outros animais, segundo cão mais dominante é-o sob todos os outros que estão abaixo dele, e por aí fora até ao cão que está mais baixo na hierarquia. Também é de crença popular:

1. O status é estabelecido e mantido pela força física e a dominância.
2. Os cães mais agressivos são maisdominantes.
3. O cão mais dominante é o mais agressivo. Sendo assim cães que frequentemente ameaçam, rosnam, lutam e mordem são muitas vezes determinados como os animais “alpha”.

A maioria das afirmações acima ditas, são muito duvidosas. Não só traem através duma visão teoricamente simplista, uma estrutura social complexa, mas também tendem a ser contraprodutivas, unhumanas e perigosas quando extrapoladas e aplicadas ao treino canino ou à resolução de problemas comportamentais.

STATUS SOCIAL E AGRESSIVIDADE

É geralmente assumido que um status elevado, está directamente relacionado com comportamento agressivo. Na realidade, um cão com uma posição hierárquica alta e agressivo é muito raro. Os cães de status hierarquico alto raramente sequer rosnam – é que não precisam! O cão que realmente está no topo da cadeia hierarquica é normalmente calmo, seguro e confiante da sua posição privilegiada e não tem necessidade de andar a “anunciá-la” através de comportamentos agressivos ou exibicionistas. Nas palavras da psicóloga Dr. Linda Carlson, “Se a tens não tens que a anunciar”. Um verdadeiro cão de topo é bem mais capaz de partilhar um brinquedo, um osso ou um local de dormir, do que lutar por isso. Por outro lado, cães que se encontram no fundo da cadeia hierárquica também raramente rosnam ou lutam. A directiva base de um animal de baixo status é ser discreto. Ladrar, rosnar e arreganhar os dentes apenas chama atenção indesejada e se chegasse a desencadear uma luta, o cão mais baixo na hierarquia provavelmente perderia.

Um cão de tipo tem pouca ou nenhuma necessidade de ameaças e um cão com baixo status será louco se o fizesse. Sem dúvida nenhuma rosnos excessivos e lutas repetidas é indicativo de insegurança e incerteza quanto ao seu status social com outros cães. Dentro de um grupo social, demonstrações prolongadas e tempestuosas de agressão são característica dos cães que se encontram no meio duma cadeia hierarquica. Este cães, ameçam mais e lutam com mais frequência que os cães de topo ou os que estão mais abaixo.

HIERAQUIA SUBORDINADA

Quando a funcionalidade de uma hierarquia é vista dentro dum contexto de desenvolvimento saudável, torna-se aparente que a “hierarquia subordinada” é um termo mais descritivo para uma estrutura social canina. Esta permissa foi primeiro sugerida pela primatologista inglesa Dra. Thelma Rowell. A manutenção de uma hierarquia, depende do respeito existente pelos indivíduos que estão no topo. O status quo é mantido porque, os indivíduos de status baixo raramente desafiam a autoridade e como tal raramente é necessário reforçar o status do topo com manifestações físicas, ou dominância psicológica.


DESENVOLVIMENTO DE HIERARQUIAS

Crescendo rodeados de adolescentes e adultos, os cachorros não podem competir na cena social em vista do seu tamanho baixo ou força física e psicológica inferior. Sendo assim, os cachorros aprendem qual a sua posição na vida, muito antes de serem suficientemente grandes e fortes para se tornarem uma ameaça à ordem já estabelecida. A maioria dos cães adultos são bastante benevolentes com os cachorros até estes chegarem à adolescência, quando os adultos (maioritariamente os machos) perseguem os adolescetntes. Mesmo assim, esta perseguição feita por cães adultos é maioritaramente psicológica e não física. Apenas um cão adulto com problemas sérios e preverso iria fisicamente desafiar cachorros.

Apesar de tudo isto, durante este estágio crucial do desenvolvimento hierarquico, cachorros e adolescentes são intimidados pelo incessante tormento dos adultos e consequentemente aprendem a responder com gestos exagerados de conciliação para apaziguar os mais velhos. Aliás os mais novos rapidamente aprendem a demonstrar gestos de conciliação antes de serem confrontados. As “desculpas” precoces dos mais novos, normalmente caracterizam-se por: encolher do corpo, aproximar em ziguezague com as orelhas para trás, sorriso “submissivo”, e abanar da cauda e das ancas traseiras. O mais novo pode ainda abanar a pata e lamber o focinho do mais velho (este sinais que quando os cachorros são mais novos são usado para solicitar comida, são agora característicos de neotenismo dos cães como adolescentes e adultos). Poderão também erguer a perna e expor os seus genitais e outros poderão até urinar (cães adultos poderão determinar a idade de um cachorro através do cheiro da urina do mais novo).

MANUTENÇÃO DA HIERARQUIA

Lutas e dominância física raramente fazem parte da manutenção de uma hierarquia. Pelo contrário, a função princpial duma estrutra hierárquica funcional é diminuir o número de conflitos e lutas. Uma vez estabelecida, a hierarquia dá muitas das respostas antes que os problemas surjam. Por exemplo, quando existem dois cães mas apenas um osso, o osso está já decidido para quem vai através da estrutura hierarquica e como tal não existem motivos para lutas. Problemas semelhantes são também resolvidos desta forma em hierarquias humanas. Por exemplo, numa empresa grande, o problema de apenas um só lugar de estacionamento e dois carros, normalmente não existe conflito porque quem estaciona será sempre quem tem um status mais elevado na empresa. Afinal de contas quem no seu estado normal iria estacionar no local do seu patrão?

Este conceito aplica-se aos cães. Desentendimentos acerca de posições hierarquica, dominância e agressão tendem a causar lutas, que são largamente o produto de falta de socialização e da mistura de cães socialmente não preparados. Para mais, noções erradas do comportamento social canino tendem a criar donos de cães machos,que permitem e/ou encorajam os seus cães a rosnar, porque assim pensam que têm um cão muuuuuuito maaaau! Este tipo de pessoa – usualmente um adolescente homem (entre 13 e 59 anos de idade), que detêm cães de uma ou duas raças específicas que não vale a pena mencionar – podem tornar-se um problema. No entanto, é possível fazer estes tornarem-se espertos com um elogio/insulto tal como “Que cão magnífico! Que pena que rosne e ladre tanto.Talvez possamos melhorar a confiança do seu cão e torná-lo num cão de topo, porque cães de topo não fazem este barulho todo sabe? Eles não precisam!”. Eu nunca me paro de surprender pela quantidade de donos de cães que inicialmente parecem impenetráveis e se tornam excelentes exemplos para qualquer pessoa.

Infelizmente, o verdadeiro perigo do conceito do cão “alpha” e da dominância reside na extrapolação questionável feita no mundo do treino canino e dos donos de cães. Na vez de serem educacionais, muitos dos chamados “métodos de treino” são simplesmente antagônicos e abusivos; o cão é muitas vezes visto como o nosso inimigo na vez do nosso melhor amigo. Muitos gestos brincalhões, de cumprimento ou de medo são mal-interpretados como sendo agressivos, dando ao dono desprevenido uma desculpa conveniente para abusar o cão sob o pretexto de “treino”.

Por exemplo, arreganhar os dentes, levantar do pêlo e rosnar são muitas vezes, erradamente, tidos como sinais de dominância, enquanto que são, na realidade, muitas vezes sinais de medo – muito provavelmente resultado directo de uma pessoa bater no cão. Da mesma forma, donos são avisados que marcar território com urina, “montar” as pessoas, roubar comida, saltar para cima das pessoas e contacto visual prolongado são também sinais de dominância pelos quais o cão deve ser castigado. Este conselhos são errados, “maus” e confusos e tiram o divertimento todo de sermos donos de cães. No meu livro:

· Um cão que marca território dentro de casa, precisa de ser treinado a fazer as necessidades lá fora
· Um cão que monta as pessoas, a) precisa de ser ensinado a parar e b) necessita ser apresentado a outro cão socialmente inclinado a essa interacção
· Um cão que rouba comida, a) está desesperadamente a precisar de um dono que se lembre de colocar a comida longe do alcance do cão, b) precisa de uma apresentação ao método de ensino de um comportamento alternativo
· Um cão que salta, simplesmente precisa de ser ensinado a sentar-se quando conhece pessoas
· Um cão que olha fixamente para um humano, a) precisa de aprender que olhar nos olhos de uma pessoa não é uma ameaça, b) afastar ou olhar para outro local sob comando e c) aprender a olhar para os olhos do seu dono de forma pacífica

Certamente que precisamos de controlar os nossos cães, mas o que é preciso é um controlo mental e cooperativo e não uma dominação física. Apesar de o dono de um cão poder abaná-lo, rolá-lo pelo chão, ou batê-lo até à submissão, qual é o objectivo de ganhar a batalha e perder a guerra? Que possível vantagens existirão em converter um hipoteticamente “dominante” num cão medroso. Para além disso a maioria das correcções físicas estão muito para além das capacidades mentais e físicas da maioria das donos de cães comuns. E porquê aconselhar os donos a entrarem numa disputa física com o cão, que muito provavelmente está já perdida? De facto, porquê abusar o cão, quando é possível atingir o mesmo resultado usando a inteligência na vez da força?
Devemos aconselhar métodos de treino que são efectivos e que estão nas capacidades de todos os donos de cães, incluindo mulheres, crianças e idosos. Se aprendemos alguma coisa ao estudar o comportamento canino foi que na vez de bater nos cães até à submissão, é muito mais fácil convencê-los a juntar-se a nós, para que goze da sua vida ao nosso lado, na vez de lutar contra nós.




Ian Dunbar Ph D., BvetMed MRCV

sábado, 24 de maio de 2008

Destruindo o Mito da Dominância por Carmen Buitrago

Destruindo o Mito da Dominância
Por Carmen Buitrago, CPDT, CTC



Já alguma vez pensou se o seu cão é dominante? Provavelmente que sim, uma vez que no último meio-século, cada problema comportamental canino desde urinar dentro de cada a sair pela porta da frente, tem sido explicado como um problema de “dominância”.
O seu cão rosna ao visitantes? Dominância, dizem os seus amigos bem intencionados. Não vem sempre que é chamado? Está a dizer-lhe que é o chefe, de acordo com livros de cães populares. Ela puxa na trela ou salta para dizer olá? Está a declarar o seu status de alpha. Ele prefere estar em cima de sofás do que no chão? Cuidado!


Talvez o comportamento mais estranhamente atribuido à dominância tenha sido o da coprofagia.

Então como é que o paradigma da dominância se tornou a etiqueta mais popular dentros do mundo canino?


Tratamento de Choque


Muitos autores e treinadores aconselham os donos dos cães a forçar os seus cães a terem posições submissas, por vezes forçando-os, ao ponto de criarem respostas de medo. Hoje, alguns treinadores chamam a isto exercícios de “gentling” ou “calma submissiva” e usam-nas até com cachorros.

Por exemplo, virar o cachorro de barriga para cima, e não largar até que este pare de resistir. A explicação por trás deste exercício é simples: ao forçar um cão a assumir uma postura submissiva e depois recompensá-lo por aceitá-la, estamos a ensinar o cão a submeter-se á sua liderança.


Mas note que essa liderança é ganha através da força. Na sociedade canina, a liderança não é obtida através da dominação física. E um grande número de cães com temperamentos sociais normais, irão naturalmente resistir ser forçados a estar de barriga para cima, mesmo ao ponto de exibirem agressão defensiva.

Os humanos não são muito diferentes neste aspecto. Imagine como reagiria se o seu patrão tentasse estabelecer a sua “liderança” através do uso da força física!
Alguns ditos “experts” sugerem o uso de técnicas violentas como o abanar do cachaço do cão e alpha rolls. No extremo, outros treinadores advocam métodos assumidamente abusivos tais como o uso de coleiras de engasgo, muitas vezes “pendurando” o cão até que este perca a consciência.

Estas técnicas são consideradas aceitáveis para o tratamento de problemas tão simples como cavar buracos no quintal ou para os mais sérios como a agressão.


Falhas na interpretação das matilhas

Infelizmente, a nossa preocupação colectiva com a dominância canina não nos ajuda em nada nem a nós nem aos nossos cães. Para começar, é baseada num conceito antiquado e sem sentido.
O Dr. Ian Dunbar demonstra as 3 maiores falhas nos estudos das alcateias de lobos durante os anos de 1930 e 1940. Em primeiro estes estudos eram curtos e focados num só aspecto da vida dos lobos, a caça. Como resultado, os estudos recolhidos eram uma fraca representação e as conclusões eram inexactas acerca do comportamento do lobo (e mais tarde do cão).
Em segundo os investigadores observam rituais, e interpretam-nos incorrectamente. O bulco da mitologia da dominância provém destas interpretações erradas.
Tomemos por exemplo os alpha rolls. Os investigadores mais antigos pensavam que o lobo alpha forçava os outros lobos rolando-os para uma posição subordinada para exercer a dominância. Estudos modernos mostraram que o suposto “alpha roll” não passa de um ritual de apaziguamento oferecido voluntariamente pelo lobo subordinado e nunca forçado pelo superior.
A especialista em comportamento canino Jean Donaldson, autora do livro premiado “The Culture Clash”, diz, “A verdade é, não existe nenhum caso documentado de um lobo a forçar outro lobo a rolar-se no chão. Nem existe nenhum caso de uma mãe lobo (ou cadela) a abanar as suas crias pelo cachaço.”
A terceira falha é a de que os investigadores extrapolaram excessivamente a informação. O seu primeiro salto na lógica foi aplicar as suas conclusões falsas ao cães. O segundo foi aplicá-las às interacções humano-caninas.

Cães não são lobos disfarçados

O facto é que cães não são lobos. Lobos são só os familiares mais próximos dos cães – tais quais os chimpanzés são os nossos familiares mais próximos – mas os cães tornaram-se numa espécie diferente hà possivelmente 135,000 anos atrás. Apesar dos cães reterem algumas características dos lobos e de outros canídeos, milhares de anos de domesticação, co-evolução com humanos e criação selectiva, mudou-os profundamente.
Ian Dunbar disse: “ Dizer que quero interagir melhor com o meu cão, por isso vou estudar os lobos, faz tanto sentido como dizer, quero melhorar a forma como lido com os meus filhos – vamos ver como os chimpanzés o fazem.”


Aplicar estudos feitos em lobos a interacções humano caninas não faz sentido, de acordo com Dunbar. Apesar das provas, livros e métodos abundam em recomendar os donos a serem o “líder da matilha”. Estes aconselham relacionamentos conflituosos entre cães e humanos e métodos de treino combativos que se baseiam na força, castigo e mesmo na dor. Afinal de contas, a força é tida como necessária e essencial para colocar cães ambiciosos no seu lugar.


No seu livro “Dog friendly dog training”, Andrea Arden escreve, “Na vez de ensinarmos os nossos melhores amigos, eramos aconselhados a dominá-los fisicamente para os manter na linha.”

Em contraste com o mito popular dos lobos (e cães), a estrutura social de ambos é muito mais complexa, flexível e subtil.

Líder Benevolente

Baseado em estudos caninos muito mais longos e dedicados, cientistas aprenderam que a marca do verdadeiro líder é a capacidade de controlar, sem o uso da força, como afirma a Dra. Myrna Milani, veterinária e comportamentalista. Ela aponta que, na selva os animais que lideram com a força bruta têm menos chances de se procriarem dado o risco maior de morte, ferimentos e predação.

Ao invés, a vasta maioria de lobos alpha são benevolentes. Raramente entram em combates físicos para reforçar a sua posição. Não precisam. Lideram através de um controlo psicológico subtil. Tal como postura confiante, olhares fixos, vocalizações, etc...
É um ritual. As interacções diárias são baseadas largamente em comportamentos diferenciais e cooperativos, e os conflitos são resolvidos através de exibições físicas designadas a inibir a agressão e eliminar as ameaças.

Sendo assim, apesar do mito popular, alpha não quer de forma nenhuma dizer fisicamente dominante ou mais agressivo. Quer dizer controle de recursos. Um lider é aquele que ganha acesso aos recursos que ele ou ela acham importantes. Isto também é flexível. Muda de acordo com a motivação do cão em dado momento ou situação. Sendo assim um cão dito alpha poderá facilmente dar o seu local de dormir preferido ou o seu melhor osso a outro cão sem problemas.


Mantendo a ordem através da submissão

Outra assumpção da teoria da matilha, é a que os lobos, e como tal os cães, se organizam num hierarquia dominante fixa – tal como as galinhas, na qual os animais dominantes mantêm a ordem através de ameaças.
Os especialistas agora concordam que os lobos formam uma hieraquia não linear, dentro da qual os animais subordinados mantêm a ordem através de exibições activas e voluntárias de submissão e diferencia.

Jean Donaldson oferece o Exército como analogia humana. Os soldados de ranking mais baixo primeiro saúdam os seus superiores e recebem de volta uma saudação. Esta é uma hieraquia classica de apaziguamento. Um general não entra numa sala e desata a bater nos soldados para que estes mostrem a sua submissão. Basta ele aparecer e toda a gente saúda.

Mas indo mais além das observações do comportamento do lobo, investigadores modernos estudaram o comportamento de cães de aldeias selvagens para melhor tentar entender a estrutura social canina.

Estes cientistas observaram estruturas sociais soltas, flexíveis e imprevisíveis. As estruturas observadas eram determinadas mais por factores como a disponibilidade de comida e interacção humana do que por um sentido inato de hierarquia social. Estes mesmo cientistas agora reforçam a importância de tratar o cão doméstico como uma espécie diferente do lobo e não uma imagem distorcida deste.

Problemas com a etiqueta “Dominante”

Outra grande falha na teoria da dominância é o termo em si mesmo. Um dos pilares da ciência são definições precisas e não ambíguas. Termos etológicos tais como dominância não são definições precisas mas sim ideias usadas para nomear e explicar um grupo de comportamentos. Um problema com estas ideias, apontam os psicólogos Drs. Garry Martin e Joseph Pear, é que geram raciocínios circulares.
Por exemplo, um cão que rosna quando alguém se aproxima do seu prato de comida, poderá ser determinado como dominante. Se perguntar ao dono porque é que o cão rosna, ele responderá “Porque é dominante”. Sendo assim a ideia torna-se uma pseudo explicação para o comportamento.

A ideia também vai afectar a forma como o animal é tratado. O paradigma da dominância tem sido usado para justificar castigos aos cães, especialmente àqueles que reagem defensivamente a métodos de treino punitivos. Também serve para fazer com o focus esteja no comportamento problemático, ao invés de ensinar e recompensar comportamentos que queremos ver mais.
Um outro termo relacionado com esta questão, é agressão dominante. O que quer dizer isto? Não existe consenso científico nenhum em como se poderá academicamente definir agressão dominante, muito menos como identificá-la no mundo real e no dia-a-dia.
Se um comportamento tão óvio como a agressão é tão difícil de caracterizar, quão correcto será determinar comportamentos tão subtis e diários como “dominantes”? É um julgamento que assume conhecer os motivos dos cão, quando na verdade, não fazemos ideia o que eles pensam. Existem dezenas de causas possíveis, funções ou motivos para qualquer problema comportamental.

Para além do preconceito

Em muitos casos de agressão, a história e descrição do comportamento do cão é inconsistente com a noção tradicional de dominância. Os então chamados de “cães dominantes” mostram muitas vezes sinais comunicativos corporais de ambivalência, medo e ansiedade. Podem tremer e agir de forma submissiva durante e depois de uma mordida. Estudos mostram que cães que demonstram “agressão dominante” são menos exercitados, são mais medrosos de pessoas, são mais excitáveis e reagem mais a sons agudos. Isto isto é inconsistente com a noção do cão dominante e sugere que existem outros factores que jogam no comportamento agressivo.
Esta informação nova desafia-nos a interpretar o relacionamento social entre cães e donos numa forma mais sofisticada do que a simples dicotomia dominancia-submissão.

Felizmente, a ciência do comportamento e a maioria dos treinadores de cães afastam-se já deste paradigma. Um novo termo que está a ser usado para descrever agressão-dominante é o de agressão relacionada com status. O tratamento foca-se no ensino e recompensa do cão quando este exibe comportamentos desejados, indepentemente do status. Também procura identificar as possíveis causas para os comportamentos problemáticos, tais como medo ou ansiedade, socialização pobre, aborrecimentos, falta de exercício físico, pouca interacção social ou falta de treino.

quinta-feira, 22 de maio de 2008


PARA ALÉM DO MITO DA DOMINÂNCIA: DE ENCONTRO A UM ENTENDIMENTO DO TREINO COMO UMA PARCERIA - por MORGAN SPECTOR



Introdução


Treinadores têm seguido um modelo de treino baseado nos comportamentos dos lobos, particularmente lobos Alpha. O centro deste modelo é a noção de “dominância”. Este modelo tem falhas conceptuais na medida em que se baseia em conceitos errados acerca do comportamento dos lobos, assim como conceitos errados acerca da interacção entre cães e humanos. Como uma espécie diferente dos cães, humanos não podem gerar comportamentos interespécies e esperar que esses comportamentos sejam interpretados como outra coisa senão agressão. Um modelo de treino mais preciso e produtivo é olhar o treino do ponto de vista da simbiose: uma cooperação interespécies baseada numa forma de benefício mútuo.


As raízes do treino tradicional

O treino canino tem sido caracterizado pela tendência do uso da força e da compulsão. Por exemplo, Most descreve a base do seu método de treino da seguinte forma:
“Qual é, na realidade, o actual objectivo do treino? É que o cão só faça o que acharmos conveniente ou útil, e se iniba de fazer o que é inconveniente ou detrimental para nós. Este objectivo não pode ser totalmente compatível com o que é aceitável ou vantajoso para o cão em si...”..”...é apenas quando um cão aprende que a adopção ou abandono, mesmo que discordantes, duma certa acção é para a sua própria vantagem, que o treino pode prosseguir com uma base sã. Tal é o objectivo da compulsão.” (Most, pp.24-25)

Esta visão não foi alterada, em virtualmente nada, desde 1910 quando Most publicou o seu primeiro livro até 1960 quando Koehler escreveu o seu guia de treino básico. Koehler expressou a sua filosofa da seguinte forma:

“ As revistas dignificam os balbúcios dos ‘psicologistas caninos’ que roubariam a um cão o direito de nascença comum a todas as criaturas de Deus: o direito a sofrer as consequências dos seus próprios actos.”

“Existirá sempre mais enfase e claridade no contraste entre o castigo e a recompense do que da técnica que dita ‘só coisas boas’ e se eles obedecerem ‘ coisas ainda melhores’. E existe mais significado e consciência da vida se existir um entendimento das consequências de uma acção favorável e não favorável. Portanto não podemos deprivar o cão do seu privilégio de experienciar as consequências do certo e errado, ou, dito de outra forma, do castigo assim como da recompensa.” (Koehler,p.21).

Apesar das diferenças (Most, por exemplo, rejeitava uma visão antropomórfica dos cães, enquanto que Koehler, como prova a citação acima feita, tende a ter uma visão antropomórfica), Koehler e Most ambos assumem que os humanos de alguma forma tinham o direito a compelir os cães a agirem de formas aceitáveis aos humanos. Para Most a base disto é clara: ele foi uma das primeiras pessoas a treinar cães para a trabalho militar e policial. Os livros de Koehler foram escritos para o público mais geral, aqueles que tinham cães de companhia em casa. O que podemos assumir do trabalho de Koehler é claro mas não dito: cães vivem dentro da sociedade humana e devem seguir as regras humanas, e os humanos devem usar a compulsão para fazer com que os cães sigam essas regras. Mas havia mais por trás. Existia uma visão que a compulsão no treino elevava o cão. Esta extensão no antropomorfismo implícito por Koehler ganhou verdadeiro terreno com Vicki Hearne que se apresenta como uma seguidora de Koehler. Hearne argumenta que:


“Koehler acredita que, contra o cepticismo dos dois ultimos dois séculos, obter absoluta obediência de um cão – e ele quer dizer absoluta – confere nobilidade, caracter e dignidade ao mesmo” (Hearne,p.41) No entanto nenhum dos programas directos e duros do Koehler ou dos voôs pedagógicos de Hearne responde a uma questão essencial: o que é que realmente dá aos humanos, o direito de inflingir métodos de treino em cães que só podem ser descritos como continuamente duros e fisicamente punitivos? Longe de conferir “nobilidade, caracter e dignidade ao cão” estes métodos deixam de facto o cão sem espaço para fazer nada a não ser tornar-se um subserviente sob a constante ameaça da do castigo.

Dominância: a ovelha etológica disfarçada de lobo

Aqui entram os monges de New Skete. O trabalho dos monges foi considerado muito progressivo. Os Monges foram os primeiros treinadores modernos a articular uma base teórica para o uso da compulsão no treino. O seu modelo foi a alcateia de lobos (ou pelo menos a alcateia de lobos como eles a entendiam). Eles escreveram “Para aprender os cães, aprendam os lobos”. E escreveram: “... O lobo e o cão têm semelhanças incríveis. Ambos orientam-se dentro de um grupo e preferem não estar isolados por longos períodos de tempo...Ambos respondem à liderança de uma “figura-Alpha” à qual olham para ordens e directivas.” (Monks at 12).


Os monges acreditam na teoria de que “desde que deprivamos os cães, através da domesticação, da sua vida normal em matilha, o cão adoptou-nos como a sua nova matilha. Um cão vê as pessoas nas suas vidas como companheiros dentro dessa matilha. Assim que o cão entende isto, ele pode começar a entender métodos de treino que, enquanto incluem o cão na matilha, diminuem a sua posição hierárquica.” (Monks at 13).


Esta é a “rationale” que veio a ser conhecido como a teoria da dominância: Os cães veêm-se a viver em matilha com humanos, como tal estes têm que imitar comportamentos de matilha e, especificamente assumir uma posição de Alpha dentro dessa mesma matilha. Ironicamente, apesar da analogia aos lobos ser recente, a noção de que os homens e os cães formam uma matilha dentro da qual os humanos devem ser soberanos não é. Most articulou a mesma teoria em 1910.


“ Numa matilha de cães novos, lutas ferozes ocorrem para decidir como se irão colocar na hierarquia da matilha. E numa matilha composta por homens e cães, competição canina por importância e status é aos olhos do treinadore clara... Tal como numa matilha de cães, a ordem da hieraquia numa combinação homem e cão só pode ser estabelecida por força física, ou seja por uma actual luta, na qual o homem sai instantaneamente victorioso. Tal resultado só pode ser obtido convencendo o cão da absoluta superioridade física do homem. De outra forma o cão lidera e o homem segue. Se um cão mostra o sinal mais vago de rebelião contra o seu treinador ou lider, a superioridade física do homem como líder da matilha tem que ter expressão imediata da forma mais clara possível.” (Most em 35).


Baseado na noção que os cães e os humanos formam uma matilha unitária dentro da qual os humanos devem mandar, a “dominância” torna-se o tema central na relação entre o humano e o canino. Este “paradigma da dominância” é o que está por trás de todas as aproximações de treino que usam a força e a compulsão. Desobediência não é uma falha do cão em efectuar um comportamento quando este é pedido, mas uma rebelião contra o Alpha. Como Most diria: “Se um cão se rebelar contra o seu treinador, o uso da compulsão severa é essencial... Pois, cada vez que o cão pensa que não está a ser liderado, o instinto de competitivo canino vai aumentar e o seu instinto submissivo vai ficar mais fraco. Um dos propósitos do treino, contudo, é reverter esta condição.” (Most, 35-36).


Existem muitas falhas neste paradigma embora existe um réstia de verdade nisto tudo. A réstia de verdade é que os cães devem viver de acordo com a sociedade humana, tanto em casa como no mundo em geral, e que os humanos são responsáveis por ensinar aos cães como fazê-lo, através do treino. Mas não existe necessidade para uma teoria de “dominância” para explicar a necessidade deste treino. E vendo o propósito do treino como uma forma de alcançar “dominância” estabelece uma aproximação ao treino que facilmente se torna dura e punitiva. Como se denota, métodos punitivos são justificados pela lógica da “matilha”.


REFERÊNCIAS


Coppinger, Raymond & Lorna: Dogs – A Startling New Understanding of Canine Origin, Behavior & Evolution
Dunbar, Dr. Ian: Dog Behavior – Why Dogs Do What They Do ©1979, TFH Publications
Hearne, Vicki: Adam’s Task: Calling Animals by Name ©1982, HarperPerennial
Koehler, William: The Koehler Method of Dog Training ©1962, Howell Book Publishing
Lindsay, Steven R. Applied Behavior and Dog Training, Vol. II ©2001, Iowa State University Press
Monks of New Skete, How To Be Your Dog’s Best Friend ©1978, Little Brown
Most, Col. Konrad: Training Dogs – A Manual ©1954 Popular Dogs Publishing Co. Ltd., London; Reprinted 2000
by Dogwise Publishers

As Falhas da teoria da Dominância

DOMINÂNCIA COMO PRODUTO DE AGRESSÃO INTERESPÉCIES


Conseguimos compreender os erros no paradigma de dominância se primeiro entendermos que a “dominância” é na realidade um conjunto de comportamentos que podem ser identificados e como tal modificados. E que em quase todos os casos, este conjunto de comportamentos existe dentro de um ainda mais largo spectrum de comportamentos disponíveis e exibidos pelo cão dentro do contexto de relacionamentos sociais no qual o cão opera. Nesta perspectiva, a maior falha no “paradigma da dominância” é incluir a família humana como parte da matilha. A segunda é classificar um dado cão como “dominante”. Relacionado com isto vem a terceira falha, ver a “dominância” como se fosse uma desordem psicológica ou condição na vez dum conjunto de comportamentos exibidos pelo cão em resposta à situação na qual vive.



Falácia Um: Que a família faz parte da Matilha ou “Pack”


Cães e humanos são estranhos um para o outro e as nossas sociedades têm diferentes regras e morais. Se a nossa casa fosse de facto uma matilha canina então deveriamos esperar ter que viver sob as regras dos cães, e isso é claramente impossível. Os cães devem viver sob regras humanas, o que quer dizer que os cães têm que abdicar dos seus modos normais de interacção uma vez que estão a interagir com humanos e não com outros cães. Este facto, só por si diz-nos que o nosso relacionamento com os cães não é intraespecies mas sim interespecies. As mesmas acções que, se dirigidas por um membro de uma espécie contra outro membro da mesma espécie levariam a algum tipo de estabelecimento hierárquico, tomam outro significado diferente quando feitos por um membro de uma espécie contra outro de uma espécie diferente. Como sugere Lindsay, os nosso actos de “disciplina” física são de facto uma forma de agressão interespecies.

Enquanto reconhece que um grupo de cães que permanecam juntos por um determinado período de tempo podem formar uma hierarquia estável, Ian Dunbar diz-nos que:


“Deveriamos também reconhecer que ninguém realmente sabe o que significa ‘dominante’. ‘Dominância’ tornou-se uma palavra cliché para abrangir uma grande variedade de comportamentos e ‘atitudes’, muitas das quais podem ser explicadas e compreendidas sem qualquer referência à ‘dominância’. Também temos um problema semelhante com os termos ‘agressão’ e ‘submissão’”. O problema é exemplificado pela evolução de frases como “agressão submissiva” que quase defia o bom senso. A noção de hierarquias tem sido abusada. Na grande maioria, os cães parecem viver em relativa harmonia com cada membro do seu grupo, cada um geralmente vivendo a sua vida com aparente desinteresse nos assuntos dos outros.” (Dunbar,p.85)
O conceito de “alcateia/matilha” tem um valor metafórico limitado. Nem sequer exprime com precisão o leque de comportamentos dentro de um dado grupo de lobos (Coppinger, pp. 66-67).

Este conceito não pode ser a base para compreender a interacção entre humanos e cães, muito menos para estabelecer uma técnica de treino.


Falácia Dois: Classificar um dado cão como “Dominante”


Este tipo de classificação é uma tendência humana mas ignora as realidades da identidade e interacção canina. Cães são animais interactivos e sociais e respondem grandemente às suas circunstâncias. Ian Dunbar diz-nos que:


“ A noção tradicional de interacção entre cães é de uma relação dual entre dominante/subordinado. Isto significa que quando dois cães se encontram, um domina o outro. Isto é uma formula útil para análises iniciais, mas de longe muito simplista e rígida para totalmente explicar uma situação complexa.” (Dunbar, pp. 88).
Qualquer cão pode ser dominante ou submisso em dada altura dependendo da situação. O aparentemente cão submisso pode na realidade controlar muitas interacções (Dunbar, 88-89). É verdade que alguns cães têm personalidades mais assertivas do que outros, mas no que toca ao treino não ajuda classificar tal cão como “dominante”. O cão com a personalidade mais forte (i.e. “dominante”) poderá também ser o mais receptivo ao treino assim como aquele com mais vontade de trabalhar.


Falácia três: Que a “Dominância” é uma patologia e não um comportamento ou conjunto de comportamentos que podem ser identificados e como tal modificados


Dominância é considerado uma característica problemática e torna-se no prisma através do qual nós identificamos um determinado cão, tal qual se disessemos que um humano tem uma “personalidade de risco” ou “maniaco-depressivo”. Se a dominância fosse um tipo de patologia, então como poderia o treinador lidar com ela? Não podemos colocar o cão “no sofá”do psicólogo. Tudo o que podemos fazer é suprimir as tendências dominantes do cão (assumindo claro que isto é sequer possível), e isto leva inevitavelmente ao castigo físico.


Sendo assim não é de admirar que os Monges devotem 5 páginas do seu livro á recompensa (Monks, pp.36-40) e 11 páginas à disciplina física (Monks,pp.40-50), dando instruções minuciosas da mecânica de como bater num cão debaixo do queixo, do “shakedown” (abanão do cachaço) e do Alpha Roll. Ironicamente, como nota Lindsay, este tipo de acções é muito provavelmente percebida pelos cães como ameaças físicas, desencadeando acções agressivas ainda mais fortes (Lindsay, 168).

Mas assumindo que um determinado cão não se tornou sociopáta, o que é entendido por “dominante” é de facto um comportamento, isto é, um conjunto de acções que o cão faz. Nós podemos identificar estes comportamentos. Estes podem incluir : rosnar, empurrar para ocupar um espaço ou guardar objectos. Uma vez identificado o comportamento, o treinador pode modificar estes comportamentos. O treinador pode ensinar comportamentos incompatíveis e criar uma situação que leve á extinção dos comportamentos indesejados.

Cães não são Humanos


Primeiro, humanos não são cães e cães não são humanos. Não podemos interagir com cães como se fossemos cães. As nossas interacções são interespecies, e nas nossas interacções devemos respeitar as realidades que distinguem Homens de cães. Cães são criaturas sociais e interactivas. Cães são muito melhores do que os humanos nas suas interacções com outros cães do que os humanos são nas suas interacções com outros humanos. É a falta de sensibilidade humana aos sinais sociais que está na causa dos nossos desentendimentos acerca do que é o comportamento social canino. Por exemplo, se dois cães se encontram um com o outro e um desvia o olhar, isto são “boas maneiras” - um sinal comunicativo canino de apaziguamento que irá ajudar a evitar conflitos entre os cães. Se dois humanos se encontram e um averte o olhar, isto sugere desconfiança ou falta de abertura. Se um humano encontra um cão e o cão vira a cabeça, o humano pode tentar fazer com que o cão o olhe nos olhos. Para o humanos isto é amigável. Para o cão, isto é antagónico.


Nós iremos interagir melhor se nos focarmos no comportamento e não na “atitude” dos nosso cães.

Iremos interagir melhor se entendermos que o que nos deverá preocupar é sim o comportamento que o cão produz num dado momento. Poderá existir algum valor em tentar determinar a fonte do comportamento, mas tal análise é muitas vezes especulativa e como tal não poderá ser usada para modificar o comportamento em questão. Por exemplo, alguém poderá determinar um certo tipo de comportamento como “predatório” mas ao fazê-lo não estamos a clarificar as nossas opções.

O Modelo para interacções inter espécies é a simbiose e não a dominância

O dicionário Webster define simbiose como “ o viver intimo de dois organismos, especialmente se tal associação é de vantagem mútua”. Apesar de ser em alguns aspectos incorrecta, isto descreve um paradigma mais apropriado para o relacionamento entre homens e cães. Existe uma vantagem mútua e práctica no relacionamento entre cães e humanos.


Um bom treino parte deste pressuposto e torna-se numa troca na qual o humano diz ao cão “dás-me o que eu quero e eu dou-te o que tu queres”. O cão em retorno, aprende a “dizer” a mesma coisa ao humano. Isto cria uma parceria benéfica na qual “dominância” é totalmente irrelevante.

Condicionamento operante encorpora este aproximação ou “parceria” simbiótica. Reforço positivo é o que nos permite dar ao cão o que ele quer, o que faz com que seja claro para o cão qual o comportamento que o humano quer. “Dominância” não é tema. Como treinador é essencialmente irrelevante para mim se o cão pensa que me está a manipular para me fazer clicar. Na realidade, de várias maneiras sou perfeitamente feliz que o cão pense assim, porque se o faz quer dizer que está extremamente motivado no treino que fazemos.

Esta aproximação é não só benéfica para o profissional ou treinador de competição, mas principalmente para o vulgar dono de cão. Na experiência deste autor, a maioria dos donos de cães não quer estar em conflito com os seus cães e resistem métodos de treino punitivos. Na realidade é possível atingir tudo o que um treinador quiser através do condicionamento operante e reforço positivo. Não é preciso dominar o cão, é sim essencial colocar o cão numa relação de cooperação com o dono.

REFERÊNCIAS


Coppinger, Raymond & Lorna: Dogs – A Startling New Understanding of Canine Origin, Behavior & Evolution
Dunbar, Dr. Ian: Dog Behavior – Why Dogs Do What They Do ©1979, TFH Publications
Hearne, Vicki: Adam’s Task: Calling Animals by Name ©1982, HarperPerennial
Koehler, William: The Koehler Method of Dog Training ©1962, Howell Book Publishing
Lindsay, Steven R. Applied Behavior and Dog Training, Vol. II ©2001, Iowa State University Press
Monks of New Skete, How To Be Your Dog’s Best Friend ©1978, Little Brown
Most, Col. Konrad: Training Dogs – A Manual ©1954 Popular Dogs Publishing Co. Ltd., London; Reprinted 2000 by Dogwise Publishers